quinta-feira, outubro 05, 2006

A casa - (05/08/05)

A casa


Lá somos 4. eu, ela, a mochila e o vazio. Aos pares. Um dia, pego minha mochila e a deixo com o seu enorme vazio... um vazio que, vez em quando, cresce sobre o adversário, no caso, eu, que nesse caso, saio e deixo a ela todo espaço que lhe cabe.
Deixo-a com o seu teto enorme e a sua ausência de paredes coisa que, só dificulta o trânsito dos fantasmas. De qualquer ângulo visualizo tudo; nada de novo acontecerá.
Lá, não há barulho vindo da cozinha nem nenhuma alma penada vinda dos quartos, não ouço vozes... e eu até andei falando sozinha, mas as paredes cansaram-se (acho até que elas não têm ouvidos...).
O teto é uma imensidão branca que às vezes parece que quer cair sobre mim. Pensei em pintá-lo, colocar desenhos, mas logo desisti. Não me afeiçoei à casa a ponto de achar que vou “pintar” do jeito que eu quero e resolver. Pintar, não seria o bastante pra mudar o jeito que ela é. Do mesmo modo que ela, jogando sobre mim sua tinta de dona-de-casa não mudou em nada minha vontade de partir.
Penso q uma casa é como um matrimônio. Um tem q amar o outro (senão, pra que casa?) e cada um tem q ter seu espaço respeitado, dentro e fora, com e sem ambigüidades e, mesmo assim, é bom ter, vez em quando, onde passar as férias.
Engraçado... eu que me achava tão caseira, não consigo me sentir em casa com ela. Passo todo o tempo que posso fora, mesmo quando estou dentro.
Acho q vamos nos separar em breve. E por um motivo obvio: incompatibilidade de gênios.

Snow, q sabe que cada casa, como cada casal, é um caso.

Um comentário:

Snow disse...

"é, muito bom."
- rafa(eu)
- 06/08/2005 16:17:39