quarta-feira, outubro 18, 2006

Panos de Fundo - (04/11/05)

Panos de Fundo


"Engraçado como a gente sempre procura um pano de fundo pras nossas
histórias..."
Essa frase não é minha, mas ouvi de alguém q a disse assim, como quem não quer receber os créditos e , na verdade mesmo, acredita essa frase precede a fase dos direitos autorais.
Fiquei pensado sobre isso dias, meses... Cheguei a pensar q essa célebre, deveria figurar, no mínimo, num livro de citações e, não fosse isso um paradoxo, talvez até funcionasse. Estou dando a ela um espaço em minhas Inquietações, mais por não saber o q fazer q para proteger sua integridade.
Não, definitivamente, ela não poderia constar em um livro de citações. Ela precede isso, é mais primitiva até do q o princípio dos livros e isso, desde os canônicos aos muitos, provavelmente sagrados, q foram queimados junto com as bruxas do século passado... É tão primitiva q precederia as histórias de amor, antes mesmo de serem escritas e, talvez, a muitas, tirasse-lhes o caráter de sagradas...
Essa frase, na verdade, depois de ser dita, de ser lida, enfim, entendida, torna-nos, muitas vezes, patéticos,diante do arsenal de argumentações com as quais nos armamos pra "justificar" nossos atos, consolidar nossas histórias.
Torna supérfluo a nossas atribuições aos deuses, às conjunções astrais, ao destino, ao sobrenatural, e até à natureza ao que, no fundo mesmo, nunca passou da nossa vontade, humana, por assim dizer.
E ganhamos terreno nessa de fantasiar nossas vantagens, somos verdadeiros propagandistas dos nossos atos. Não basta dar, as mãos têm q saber. Não basta sofrer, é preciso gritar, não basta amar e, esse último verbo, também não basta...
Não basta gostarmos de um artista, é preciso estender-lhes faixas, não basta gostar de um time, é preciso vestir a camisa, no sentido mais figurado da palavra, não basta não gostarmos de Miojo, é preciso fazer cara de nojo qnd vemos os outros comerem, é preciso dizer, todo momento, à qlq oportunidade, escrever na mensagem pessoal do MSN, entrar numa comunidade...
Mas nós vamos mais longe, queremos estar embasados, justificados, cobertos... Encobertos por nossos panos de fundo... O desejo de q tudo seja mesmo obra alheia... Assim, teríamos sido "direcionados" e não direcionadores das nossas atitudes e, se elas, por algum motivo, não correrem conforme imaginamos, estaremos também isentos da culpa... absolvidos pela nossa "consciência" já, previamente, embebidas do antídoto das nossas justificativas e se, a nossa consciência for pouco, faremos uso dos nossos aliados, torcedores do mesmo time, tripulantes do mesmo barco...
Tenho por essa "premissa" uma afeição de mandamento. Uma afeição para a qual, paradoxalmente não posso buscar respostas, até porque, apenas o falar sobre ela, já tem ares de contradição e, mais ainda, por crer que o simples conhecimento de sua existência, não torna alguém superior ou não sujeito aos seus efeitos, no caso, causas.
Acho que entre mim e ela, há sobretudo um respeito, mutuo, posso dizer, para a frase q, eu posso ter o direito de não escrever e, que tem o poder de invalidar todos os meus posts...
Tenho pensado muito na Sublimação. Não na passagem do sólido para o gasoso, mas no conceito de Freud...
E devo escrever sobre isso em outro post.

Snow, sob uma colcha de retalhos

Um comentário:

Snow disse...

Comentários
"é estranho qnd os paradigmas que deviam nos motivar nos encurralam... sofro disso tb, muito! nem sei se é sofrimento, talvez seja só uma dorzinha no fundo da alma que vai embora com os %5 de graduaçao alcolica de uma lata de cerveja"
- 3l4ck
- 20/11/2005 13:59:42