quinta-feira, maio 31, 2007

Disciplinas

O dia de hj foi uma enorme mandíbula de dentes afiados que me triturou
Me engoliu e me vomitou no dia seguinte...
Aos bagaços.


Snow, da série "Pequenos professores, Grandes trabalhos".

sexta-feira, maio 25, 2007

Operante

Reforços não contingentes (p. 132)

“Afinal”, disse Frazier, “o que é amor se não reforçamento positivo?” “Ou vice-versa”, disse Burris.
Estavam ambos errados. Eles deveriam ter dito “um ato de amor”. Amor como um estado é uma disposição para agir em direção a outra pessoa de maneiras que sejam reforçadoras, mas sem prestar atenção a quaisquer contingências. No amor agimos para agradar e não para ferir, para ser genuíno e não para ser sedutor, mas não agimos para mudar comportamento. Sem dúvida que o modificamos, uma vez que estamos mais predispostos a agir de maneiras reforçadoras quando acabamos de ser tratados dessas formas. Ação recíproca pode sobrepor-se, sem que isso implique em um contrato (nenhum dos dois lados diz “eu o amarei mais, se você me amar mais”).
Na terapia e na educação afeição genuína não pode ser usada para resolver problemas. Ela não pode ser “ligada” ou “desligada” no momento certo. Mas, isso significa evitar seu uso? Suponha que você descobre que ao amar alguém você está reforçando comportamento perigoso; você pode interromper sinais de seu amor enquanto continua amando? Não seria isso simplesmente uma forma ligeiramente mais elaborada de fazer algo bom para alguém, isto é, de amar?

* Epstein, R. (Ed.) (1980) Notebooks, B. F. Skinner. Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice - Hall, Inc. p.132
* Texto traduzido por Hélio José Guilhardi e Patrícia Piazzon Queiroz
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P.S. SnowFlake, sem nada a acrescentar.

segunda-feira, maio 21, 2007

Estágio

Deveria ter dito q era passageiro
Deveria ter explicado q era temporário
Deveria ter deixado claro q não era pra sempre...
Mas não deu tempo.

Tudo não passou de um breve contato.


Snow, q não faz mais parte do quadro.

Moção de falta

O link ainda consta de algumas páginas. Mas a página não pode ser encontrada.
Imagino q o endereço seja mantido por respeito, por inspiração, homenagem. No meu caso, é por devoção qse.
Eu q li todo. Todo = completamente. E comentei em 99,8% das postagens, abri os direcionamentos, os relacionados, as indicações, on e off line, não entendo.
A não-existência deixou um vazio em alguns dos meus textos q, não sei qnd mesmo irá passar completamente.
Eu conversei com ele, sabe? Quis ouvir do criador/consumador os motivos pausadamente mas... não sei. Não basta.
Não lido bem ainda com a idéia do espírito desencarnado.
Só o tempo...
Apagar um blog não é a mesma coisa q rasgar as cartas.
Acho mais parecido com o matar dos filhos depois q o casamento acaba.
Eu sei q tem gente q passa uma borracha, mas... não!
O Fragmentes nunca deveria ter sido deletado!

Snow, em ebulição.

P.S. Deveria se chamar "Eternas Saudades".

Águas passadas

A minha tia tem os olhos marejados.
A minha tia qnd me olha tem os olhos marejados.
É diferente daquele momento emocionado em q se está prestes a saltar pelas janelas da alma... ela tem um lacrimejar constante, um olhar empoçado.
Eu não entendo bem o q ela fala. Ela não escuta direito, às vezes grita, outras fala alto. É provável q ela tb não entenda sempre o q diz e tenha já uma linguagem própria de quem qse sempre não fala nada.
É provável tb q eu nunca saiba de onde provém tanto choro q qse nunca cai, mas ficam ali, naqueles olhos castanho-azulados, beirando... sempre pronto a ser chorado.
Ela esconde o riso com as mãos, isso é outro detalhe. Qnd ela vai rir de qlq coisa, esconde a cara. E mesmo nesse momento, pelos leitos da pele enrugada, a represa ciliar se rompe...
Lembro de mim pequenininha, brincando na chácara onde ela morava – e ainda mora - , inventei de subir no pé de goiaba e na hora de descer tive medo. Ela me tirou de lá a cipoadas...
Outra ocasião, eu menor ainda, fui atravessar um dos pequenos córregos de água límpida q separam os canteiros de rosas q ela plantava qnd, de repente, comecei a afundar na terra fofa, pantanosa, movediça do fundo... gritei desesperada! Mas ela apareceu do meu lado imediatamente e me puxou como se não fosse nada. Na feição, apenas a raiva por ter sido incomodada. Eu, suja de lama, com medo das sanguessugas, chorando, estatelada.
A minha tia me encontra qse toda semana, como se não me visse a mais de vinte anos. E se espanta com a cor do meu cabelo, pergunta pq cortei, alonguei, trancei, se já casei, cadê o namorado... sempre com aquela expressão de ‘você não mudou nada’...
Eu não sei bem se ela sabe, mas ela sabe bem como assustar uma criança.
E saem milhões de olhos de todas aquelas lágrimas.


Snow, sobrinhográfica.

O retorno

Tem alguém ligando pra mim vez em qnd, à noite.
Digo alguém, pq me recuso a achar q foi erro na linha ou q fenômenos sobrenaturais possam alcançar tamanha tecnologia e discar pra... não dizer nada.
Qse sempre às onze, ou um pouco mais tarde. Às vezes até durante dia.
A pessoa – q pode muito bem ser várias e aleatórias – não se identifica. Na verdade eu nem atendo, pq só tenho tempo de ouvir o primeiro toque e... tb não tenho Bina.
É estranho. Até pq eu atendo a cobrar. Sempre. Mesmo trote. E não há nenhuma restrição com a operadora.
Quem me conhece, eu imagino q saiba o qnt eu gosto de receber telefonemas e dessa minha atração especial por horários inesperados e, talvez saiba até melhor q eu definir este meu comportamento verbal modulado por pulsos, além do q, alguém q não me conhece, não deve ter meu número.
Telefone é uma coisa muito recente em minha vida. Data de 6, 7 anos no máximo, com grandes períodos de uso restrito, seja pela localização, trabalho, ou ausência desses fatores. Mas houve uma época em q eu sabia de onde se originava um chamado seguido de desistência – o famoso toque – assim, fantasmagoricamente esperando q eu decifrasse. E eu qse sempre ‘ia em cima’. Mas hj em dia confesso, não tenho mais auspícios para enigmas.
Gostaria de sensibilizar aos eventuais navegantes, se assim o forem, q ao ligar para minha casa, por favor esperem até o terceiro toque antes de desistir. Como eu não tenho identificador, por favor, lembrem-se q ‘toques’ não tocam personalizados e prefiram, mesmo q a ligação seja a cobrar, pois eu não cobro, não desligar antes de me dizer quem é e do q se trata.
Houve um tempo em q eu reconhecia uma chamada à distância pelo cheiro.
Mas recentemente ando meio resfriada.


Snow, ocupada.

Desculpa

O tempo, como sempre.
Falta de Internet em casa não conta, já q, não deve existir falta do q nunca houve.
É o frio q faz este laboratório, é a quantidade de provas q ando fazendo, são os concursos q têm pra serem feitos cujas provas estão próximas, é o tempo de transporte de lá pra cá, é não poder ficar aqui mais de 10 horas por dia – e eu normalmente fico umas 8, aí meu estômago reclama, é tudo isso menos a falta de coisas escritas.
A falta de assunto tb não é desculpa, mas róla. O excesso de falta. Só q, nem... sabe? Nem.
O q tem acontecido e é o motivo desta nota é q os posts têm envelhecido no tempo. É verdade, tão perdendo a validade.
E eu tive um receio de postá-los como novos assim, amarelados. Ao mesmo tempo o meu velho receio de abandoná-los...
Então vai ficando tudo assim... hj, por exemplo, dia 21 e apenas 5 posts de maio, sendo q 1 foi colagem.
Um fato novo é q não posso mais ignorar a presença de leitores novos, coisa q não estou acostumada. Antes, pouquíssimos se manifestavam, mas já vez em qnd eu vejo q, algumas coisas mudaram. E bateu o medo incauto de decepciona-los...
Tem gente q vem aqui, de quem eu já li tudo o q eu vi escrito na net, lembro a escrita e até arrisquei alguns comentários, mas não posso negar q encontra-los, “dar de cara”, me dá certa timidez... Seja pr ter me visto parecida com alguns, seja por ter me sentido diferente, enfim... bate aquele medinho de q me peguem de calças curtas, pela ausência de melhor metáfora.
Este detalhe e todos os outros q enumerei têm sido os motivos da não postagem, e conseqüente acúmulo e envelhecimento dos textos q eu tenho escrito... como sempre.
Mas eu prometo postar tudo na ordem. Ou fora dela.
Assim q tiver tempo. E for criando coragem.


Snow, q vai mesmo. Sério! Como sem falta!!

quarta-feira, maio 09, 2007

O Mendigo

(Paulo Mendes Campos)

Eu estava numa banca de jornais na Avenida, quando a mão do mendigo se estendeu. Dei-lhe uma nota tão suja e amassada quanto ele. Guardou-a no bolso, agradeceu com um seco obrigado e começou a ler as manchetes vespertinas. Depois me disse :
- Não acredito um pingo em jornalistas. São muito mentirosos. Mas ta certo: mentem para ganhar a vida. O importante é o homem ganhar a vida, o resto é besteira.
Calou-se e continuou a ler as notícias eleitorais:
- O Brasil ainda não teve um governo que prestasse, nem rei, nem presidente. Tudo uma cambada só.
Reconheceu algumas qualidades nessa ou naquela figura ( aliás, com invulgar pertinência para um mendigo), mas isso, a seu ver não queria dizer nada:
- O problema é o fundo da coisa: o caso é que o homem não presta. Ora, se o homem não presta, todos os futuros presidentes serão ruins. A natureza humana é que é de barro ordinário. Meu pai, por exemplo, foi um homem bastante bom. Mas não deu certo ser bom durante muito tempo: então ele virou ruim.
Suspeitando de que eu não estivesse convencido de sua teoria, passou a demonstrar para mim que também ele era um sujeito ordinário como os outros:
- O Senhor não vê? Estou aqui pedindo esmola, quando poderia estar trabalhando. Eu não tenho defeito físico nenhum e até que não posso me queixar da saúde.
Tirei do bolso uma nota de cinqüenta e lhe ofereci pela franqueza.
- Muito obrigado, moço, mas não vá pensar que vou tirar o senhor da minha teoria. Vai me desculpar, mas o senhor também é, no fundo, igualzinho aos outros. Aliás, quer saber de uma coisa? Houve um homem de fato bom, cem por cento bom. Chamava-se Jesus Cristo. Mas o senhor viu o que fizeram com ele?

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Snow, da coleção the best.

segunda-feira, maio 07, 2007

Protesto

"A gente tem mais é q imobilizar a sociedade mesmo!"
(Rodoviário em Salvador, se solidarizando com as paralisações q têm ocorrido em São Paulo esses dias.)



Tudo bem q a sociedade anda 'quebrada' realmente, mas o q eu achei mais intrigante é q, pelo discurso, não dá pra descobrir se o dito motorista é durkheimiano ou marxista.


Snow, abastecida.

Créditos

Ok, estou com as emoções à flor da pele.
A lua. Talvez a lua ter estado tão redondinha ontem à noite tenha a ver com isso lá no fundo... no fundo negro do céu q faz um tempão q eu não via.
Tem chovido em Salvador por esses dias. E eu tenho passado tanto tempo em salas, dentro de ônibus e sobre os livros q nem lembrava mais q o céu existia.
Ainda ontem entreguei um artigo sobre sexualidade feminina no século XVIII. Sete laudas. Parece mentira. Mas ficou muito bom. Sei lá, eu gostei.
(Também, li 3 artigos, 1 livro, 4 textos e assisti a um filme para produzi-lo! A discussão em grupo com os meus colegas também foi bastante produtiva... Sobre isso amadureci alguns dias e escrevi em uma madrugada o q, só depois, com a digitação ditada e a revisão imprescindível de alguns componentes do grupo, posso dizer, finalmente, q ficou lindíssimo.)
É uma pena q eu não queira mostrar a vcs aqui pq, apesar de tudo, eu reconheço q o q tá escrito ali é algo q não interessa a quem não vive num mesmo contexto. É uma pena q um trabalho acadêmico, por mais expansivo q seja, verse ainda sobre temas q não possam alcançar além das paredes da biblioteca a q se destina ( E se, com sorte, se destina!). É uma pena q a beleza q eu vi no escrito, tanto pela sua construção, pela idéia e formato, seja por isso mesmo, tão inacessível. É realmente uma pena q este universo universitário tenha objetos e objetivos tão restritos.
Meu corpo anda trêmulo por ter dormido pouco.
Minha cabeça anda doendo por ter me alimentado mal.
Meus olhos andam irritados pelas coisas q eu tenho/não tenho visto.
O rapaz do mercadinho foi gentil comigo.
O motorista do ônibus foi gentil comigo.
O garçon do restaurante chic dos pais de minha amiga... foi tão gentil comigo...
Deve haver algo errado, eu pensei comigo.
Qnd eu disse q não tinha mais uma gota de força, ele deitou a cabeça no meu colo pra descansar... e eu achei aquilo tudo muito lindo. Mas excluí a fotografia tirada com o celular. Com uma dor in...cognocível.
O melhor psicólogo do mundo, com o seu olhar clínico número 32, abriria um largo sorriso.
Mas essas coisas eu não conto assim sobre tantos escombros. A não ser qnd eu preciso ver algo q me faça sentir bem qnd eu acho q já não há mais muito o q se queira ver... É só nesse momento q eu consigo.
De manhã, lá pelas oito eu chego na aula com os olhos inchados, os cabelos lá em cima e menos pelo menos dois centímetros. Avaliação sobre emoções, memória, inteligência, esquecimento, velhice...
Agora mais essa! A faculdade conseguindo a proeza de me deixar insatisfeita comigo - como se fosse preciso!
Olhei no espelho e estava me sentindo ridícula, um lixo.
E aquele trabalho ali... tão perfeitinho...!
Pra completar ainda tive q reassistir "Closer - Perto demais" essa semana, por ocasião de uma resenha q terei q entregar na semana seguinte... E eu q pensei q nunca mais fosse rever aquele filme! Mas nem isso.
"-Qnd tudo isso acabar eu provavelmente irei sentir muita falta de não ter passado mais tempo com vc. E talvez já seja tarde demais. Eu peciso ir.
-Acabar o q? Espera! O q é 'tudo isso'? Fica...
-Não pede por favor. Eu tô muito cansada, tenho coisas pra estudar, já tá tarde... preciso ir indo..."
Tô pensando em chamar a resenha de "estranha intimidade".
Ou de "momento líqüido".


Snow (esgotada), Skiner, Freud, minha prova de Neurociências, a de PPB, o trabalho de Ética, os textos da CienteFico, a carona, esse frio q tô sentindo, Desenvolvimento, Piaget, Vigotsky e o vínculo afetivo, Max Weber, um desapaixonamento, Rollo May, meu grupo de Antropologia, a turma... e mais um monte de gente.

Semi-pisicologia

"-Q legal, vc faz Psicologia! Tava mesmo precisando ser analisado.
-A recíproca não é verdadeira. Mas vc estuda o q?
-Eu faço nutrição.
-Rs. continua não sendo.
-Psicologia é um curso q eu gostaria de fazer, sabia?
-Vc e metade da humanidade.
-Sério?!
-Não em números. Mas q responde q 'gostaria de fazer', é uma quantidade considerável. Muita gente se seduz pela idéia de 'entender a mente humana'."

"-Mas vc não tá me analisando não, né?
-Não. Eu não tô te analisando.
- ;) "

Amores, não queiram saber o q passa pela cabeça de alguém qnd diz "não, eu não tô te analisando". Pelo bem do diálogo civilizado.


Snow, %$#@&¤*!

Revolução líquida

Cadê a paixão q tava aqui...?
A praticidade comeu.
Ninguém chorou. A lógica desordenada das emoções se sentiria patética e não quis se expor. Ao invés, um risinho de qse dor tomava o lugar do espanto... e ninguém lamentou.
Talvez pq não fosse o momento - faz tempo q não é mais chegada a hora. Faz tanto tempo q só o tempo passa q o passado se perdeu lá com as suas razões.
Disseram q o presente tem mais graça. Admitiram e estão aí tentando provar o tempo todo.
Validar-se, encontrar-se, firmar-se.
Humanos/Homens/Mulheres.
Empregar-se, trabalhar-se, qualificar-se.
Máquinas/Viris/Múltiplas.
O afeto perdeu em qualidade. A confiança ficou pela metade. A construção virtualizou-se...
O preço da não-ansiedade não pode mais ser adiado por compromisso. E as parcelas não são suaves. E vêm acrescidas dos juros da cada vez mais estranha intimidade...
Capitalismo de guardar-se ao máximo e oferecer migalhas?
Socialização da frustração particular?
Medo antigo? Receio de arriscar?

Há o momento de decidir começar a preencher-se do outro. Permeá-lo de si. Há o momento de escolher construir...
E o contrário é encher-se de vazios.

Sem fim.
(Snow, 2007)*

*Fonte insegura.