quinta-feira, novembro 09, 2006

Desfaz de contas

Naquele dia não quis o elevador.
Era pouco apertar o botão de chamar, entrar, apertar o botão de descer, sair...
Preferiu os 264 degraus dos 24 lances de escada daqueles 11 andares.
Começou a contar os passos até o ponto de ônibus, mas perdeu as contas entre as marcas dos desenhos na calçada... esperou um, deixou passar o segundo, foi no terceiro depois de já não sei qnt tempo.
Viajou 45 minutos até a estação, esperou mais trinta pela segunda condução numa fila com 43 pessoas a sua frente. Se tudo desse certo, seria a última passageira sentada...
Não deu. Fora a primeira em pé.
Mas sentou-se dois pontos depois e se levantou no nono depois deste.
Seu bairro, sua rua, sua casa, sua cama... 340 metros, 17 postes de eletricidade - 2 sem lâmpada - e uma tonelada para cada pé, 20 quilos por braço, sendo 10 em cada mão.
Dormiu por 8 horas seguidas naquela noite, q mais pareceram 30.
Era o quarto ou quinto março daquele ano e, um março inteiro, independente da quantidade de domingos q tenha ou de quantos invernos exista por estação, é mais ou menos o tempo q dura uma solidão.

Snow, num texto do livro: "Calendário Afetivo e outras Datas", inacabado.

2 comentários:

Anônimo disse...

Seus poemas, seus textos... Você tem que publicar essa maravilha!!!

Anônimo disse...

Alguém conhece Sueli... e todos deveriam conhecer.

C sabe, tem que publicar mesmo...