Impulso
Da última vez em q fui embora, foi pq vi um pequeno buraquinho, uma fresta, e estreitei-me por ele.
Meu corpo frágil forçou e espremeu-se até q a abertura se alargou e ele desprendeu-se.
E eu então corri para a frente como em desespero e com todas as minhas forças e medos até q pude sentir, além de uma agitação no corpo, uma força que me orientava. E como no lugar de braços eu percebi minhas asas, então me vi, depois de algum tempo, q já estava bem longe dali, e q eu voava...
Deixei pra trás algumas das minhas penas e me senti mais leve. Ficou por lá também casa e comida e eu... agora planava sobre a vida.
Pousei no primeiro lugar q me pareceu seguro e, como meus lábios eram bicos e eu sabia cantar, saiu de mim um som agudo. Antigo, forte, profundo, e q sempre estivera comigo, como q esperando até poder se manifestar.
Foi aí q avistei um lugarzinho diferente num galho mais alto... macio, quente e, era lá q eu queria estar. Ainda havia muito o q fazer, mas poderia vir a ser meu ninho, eu poderia construí-lo, limpar, cuidar, ficar... morar.
Ao anoitecer, qnd a lua veio me fazer companhia, eu já descansava sobre minhas asinhas, embora meio cansada, doída, machucada (pelo peso das penas q eu não estava acostumada a carregar), e os meus olhinhos doridos de tanto ver grades por todos os lados, puderam sentir q o mundo existia, e q estava ainda mais belo do q eu, trancada, jamais imaginaria.
A minha vidinha do talvez nunca, tornou-se a vida do agora.
E depois da primeira noite de sono, ao contrário do q acontece aos humanos, que aprendem ao dormir, eu me esqueci.
E não lembro mais o caminho da gaiola.
Snow
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