sexta-feira, novembro 03, 2006

A Lâmpada - (24/01/06)

A Lâmpada


Se eu pudesse, se houvesse alguma coisa q pudesse trocar por isso, ou me aparecesse um gênio num deserto e me concedesse um só desejo, ainda q por um dia, eu pediria pra ser seu amigo.
Assim mesmo, no masculino. AMIGO, com o Caps Lock. Desses q se chama amigo de cachaça, desses q a gente pode xingar a mãe, chamar de veado e se algo der errado, dizer “ô véi, ce deu mole” e ouvir um “foi mal” de volta q, tudo o mais se resolve. Amigo desses q a gente chama de peixe, corrente, irmão. Desses q a gente diz q tem consideração e chama de brother.
E aí, nesse meu pedido, a gente se encontraria de manhã logo cedo e sairia pra pegar um baba.
Na volta, filava o feijão lá da sua velha e depois dormir, de tarde, cada qual na sua casa, ou vice-versa , ce quem sabe. Dormir só pra descansar mesmo, pra qnd um acordar, chamar o outro pra dar um rolé.
Nessa q a gente saía prum buteco, tomar umas duas e falar de mulher, ficar meio grog e dar muita risada, desde das mais gatas até chegar nas metralhadas.
E nisso tudo ainda seria sábado.
Mas depois, no meu desejo, qnd o sábado fosse começando a ficar com cara de domingo, a gente se lembrava q eu não era macho, como os outros cara. Eu era eu, sua brother, uma menina. E, como já era tardinha, vc me acompanhava até em casa, minha mãe te convidava pra entrar, tinha um filme ainda rolando na sala e uma vasilha de pipoca por lá.
Então a gente sentaria lado a lado no sofá e adormeceria vendo o filme chato, cabeça de um no ombro do outro.
E dentro da vasilha de pipoca apoiada sobre nossas pernas, a minha mão pousava de leve sobre a sua.
E, lá fora, tanto no jardim de casa, qnt no deserto onde eu encontrei o gênio, o céu ia vendo o Sol, delicadamente, ir vestindo sua roupa de Lua...

Snow Flake

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