quinta-feira, dezembro 28, 2006

Iso lados

Nunca falei direito sobre o meu lado direito, talvez até pq eu mesma o tenha negligenciado involuntariamente a maior parte de minha vida ou, num outro extremo, pq não aprendi a percebê-lo por vontade própria. Mas noutro dia tive uns dois estalos sobre isso q me deu vontade de escrever.
Antes, devo esclarecer q direita e esquerda nunca esteve bem claro na minha cabeça, nunca veio no automático, nunca foi uma informação q já fazia parte de minha memória de trabalho. Bom, já me arrependi de tentar esclarecer, mas não vou limar este parágrafo, deixa estar. Os lados sempre foram algo extenso pra mim e eram, distintamente, dois: o q existe e o q não existe, imensos. O q existe e o q eu não penso. O da frente e os outros, o lado pra onde eu tô indo e qualquer outro distinto.
O contraste era grande, mas o diferencial era pouco já q vinha sempre de um elemento subjetivo q eu dominava, mas q era de domínio de vários outros elementos dos quais eu não tinha o menor controle. Parece complicado, mas é simples, veja: existe, de um lado, o lado, e do outro, os outros.
Dia desses, numa noite de verão, sozinha em uma pizzaria de cidadezinha do interior, enquanto esperava pra provar a minha mini quatro queijos tão desejada, naquele tempo entre o cozimento da massa e o vazio, fiquei olhando as árvores daquela pacata praça e, sem quê, sem pra quê, entristeci...
Acabei por lembrar q contei os centavos pra estar ali.
Acabei por reparar q aquela mesa era grande demais pra mim.
Acabei por notar q a aliança da mão esquerda do freguês solitário da mesa do lado, estava entre o olhar dele e o meu lado inteiro.
Acabei por achar q era demais q a atendente tivesse tirado dois queijos da minha minizinha pq eu não tinha o $ extra q eles cobram da embalagem... Dois queijos! Era demais...! E logo o catupiri e o provolone...!
Acabei por pensar no número de vagas pro próximo concurso, no tamanho da fila do Sistema Intermediário de Mão de obra, no tempo q demora pra um corte no dedo sarar e em como seria bom ser metalúrgico no Canadá... mas eu tenho q voltar naquele hospital na terça-feira pra pegar minha lente de contato nova q essa aqui tá tão vencida q... contato q é bom, nem tá mais rolando...
Foi aí q ela veio vindo meio sem querer, meio sem q eu me desse conta e pairou sobre os meus olhos... como quem sempre estivera ali, sabe? Na medida certa para ser chorada.
E eu tirando essa onda de durona... pra que? Pra quem?
-Tá pronta!
Era a atendente qse enfiando a pizza pelo meu lado direito, não sabendo ela q nesse caso eu demoro um tempo entre o ouvir e o ver, diferentemente da maioria das pessoas. Mas foi daí q veio primeiro estalo:
O meu lado direito, q no cérebro é controlado pelo hemisfério esquerdo, é o lado do raciocínio. E este, em meu corpo, sempre viera no automático, como se... na carona. Já o lado esquerdo do corpo, o da emoção, esse eu via, eu analisava, entendia, esse era o lado do qual eu sempre estava. E era só conduzir esse lado, pro outro acompanhá-lo.
Mas demorou pouco. Pisquei - pelo susto da altivez da voz da atendente, pra não dizer 'grito'- e... zapt! A gotinha espalhou-se no olhar sem q fosse derramada.
A lente de contato velha se viu molhada. Renovou-se, ajustou-se e sentiu-se viva, lubrificada.
E eu vi com nitidez as luzes daquela praça toda iluminada... era natal!
Senti o cheiro da minha mussarela com parmesão e pensei em comê-la ali mesmo onde estava.
Mas comer sozinha em restaurante, mesmo q com dois queijos a mais, é muito triste, sabe? - pelo menos é o q diz o meu lado esquerdo.
Foi por isso q peguei as luzinhas coloridas, a coca-cola e o meu lado direito e, como eramos mesmo quatro, e haviam quatro pedaços, tive meu segundo estalo: dava!
Fomos todos comer em casa!


Snow, embalada para viagem.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não sei se estou assaz embriagado para entender este post, ou sóbrio demais. Mas nem sempre queremos ser entendidos, é suficiente que sejamos compreendidos. Bom 2007, muito queijo, muitas felicidades pelo lado esquerdo, que é o direito do cérebro, muitas luzes de todas as cores, um pouco de coca-cola, que é bom, mas faz mal, muitos estalos, mitos posts, para alegrar as outras pessoas.