quinta-feira, janeiro 04, 2007

Sobre o tédio

Dentre os tantos pontos, tirei deste conto q a vida real nos tira a capacidade de inventar.
E eu q vivo a tirar histórias do corpo, a arrancar fantasias das mãos, e me surpreendo com o quão as coisas escritas podem ser fantásticas, tanto desejo qnt temo o dia em q a vida verdadeira prevalecerá sobre a magia das coisas encantadas...
O dia do suicídio do inventor-escritor, q eu tanto espero, tanto quero e tanto tento, ao começo da pessoa por trás dos cadernos rabiscados e canetas secas q surgirá para a sua realidade não-fictícia.
O dia em q, qse morrendo pela rotina de ter q viver, eu desejarei ardentemente voltar a escrever e, quem sabe, ser poeta...
Sentirei remorso por não ter criado, tal qual sentiu o ex-mágico de Rubião, artifícios para qnd esse dia chegasse... Tocarei com ânsia e qse angústia os meus itens na tentativa vã de torná-los novamente artefatos... Tudo inútil.
Nenhuma letra grafará os cadernos disponíveis. Nenhuma frase sairá do lápis.
A vida, como q espada, me dilacerará a carne... E eu, bem menos arte q o Marquês de Sade, não terei forças pra escrever em excrementos e sangue...
O dia em q eu serei mãe-mulher-dona-de-casa-de-vida-pública-e-privada e o meu dia terá 36 horas, todas ocupadas!
E nesse dia eu não vou rabiscar poemas nas páginas do livro de lição de casa, nem nos autos lavrados em papel timbrado, nem nos eventuais laudos, listas de compras feitas às pressas, versos dos cheques de pagamento do salário da empregada, nem nas notas de papel moeda...
Sonho ardentemente com a inversão destes personagens por pastas de contas pagas e a pagar. Planilhas de custos e roteiros a realizar.
E então, não escreverei mais nada de fútil.
E nas páginas do dia de pessoa comum, anônima, inédita
Cada folha será uma imensa borracha...
Até o dia de apagar com a certidão de óbito
A última página da existência q resta.

Na lápide: Viveu assim q lhe fora possível.
Antes, só pode ser poeta.

Snow

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