Numa das minhas recentes aparições pela net – q têm se tornado cada vez mais raras e rápidas ultimamente – algo me chamou atenção nesse ambiente on line.
(Esse parêntese é pra explicar q um dos muitos motivos q têm me feito não escrever aqui é a raiva q tenho sentido de usar computadores de cybers.).
E extrapolando o parêntese, saliento q antes, nem me importava de onde fosse o computador ou o q eu tivesse q fazer para tê-lo por algum tempo e poder publicar meus textos neste blog e, por conta disso, eu me dispunha a fazer coisas q hoje, com a consciência um pouco mais sã, eu não faço mais.
Lembro de já ter pagado $4.00,00 por hora... De já ter gasto bem mais do q eu podia, tipo, o $ do transporte da última semana do mês na escola, qnd o do lanche do mês inteiro já havia sido sacrificado... Lembro de pegar 4 ônibus pra estar na casa de alguém q me deixasse usar o micro, de viajar por horas, de faltar aulas da faculdade, de dar graças a Deus qnd rolava um horário vago, de agüentar o frio, para mim, insuportável, e ficar tremendo num laboratório congelante... De usar um computador sem mouse, de ter pilhas de disquetes, de digitar no editor do e-mail – q sempre expirava com meu texto inteiro – pq ali não tinha do word, nem o pad... De tentar com todo esforço aprender o Linux, pq a máquina não tinha Windows... De ver meus olhinhos brilharem de alegria qnd alguém q eu conhecia comprava um micro, de eu mesma já ter tentado algumas vezes e planejado milhares de outras fazer o mesmo. De ter aceitado emprego cujo único salário era o benefício de usar a máquina, de fazer horas extras... De disputar um 486 numa fila com qse todos os outros q moravam na república, de só conseguir horário pela madrugada. De ficar babando de inveja dos q trabalhavam o dia inteiro na frente do computador, de ter feito vestibular pra Ciência da Computação... De ter implorado uma vez pro brother não fechar antes q eu transcrevesse aquele último parágrafo... De fazer olho comprido qnd meu tempo acabava, de babar de inveja de um amigo meu q tinha um note book e podia levar consigo para aonde quisesse e, um dia ele o levou para minha casa... e eu lhe fui grata eternamente qnd ele prometeu q qnd eu quisesse ele me emprestava...
Um dia, e só muito recentemente eu desisti dessa idéia q tive por uns 8 anos qse , onde o maior sonho de minha vida era ser dona de um cyber...
Com todo esse histórico é dificil, muito difícil pra mim me desvencilhar desse objeto idolatrado...
É verdade também q já não bate aquela mesma onda, e isso tem até a ver com a possibilidade mais real de eu comprar um em breve e estar, digamos, “me guardando” um pouco pra esse momento tão esperado.
É tb certo q as novidades já me vislumbraram mais – ou q eu já não me deixo vislumbrar pelo brilho delas - e q as velhas coisas continuam as mesmas, só q agora com mais spans, mas vírus, mais ferramentas... Cada vez mais irritantes de se descobrir como é q faz pra continuar não usando.
Fechando o maior parêntese desse blog inteiro - só pra fechar mesmo, já q a lista tá bem longe de acabar- eu tenho procurado gastar meu tempo mais lendo q escrevendo e, também aconteceu de eu perceber q as coisas q a gente escreve as vezes são muito parecidas ou estão muito próximas da forma genérica q é esta confusão de finais e começos...
Sabe o q é perder a graça de falar sobre detalhes q parece q só vc vê, justamente por descobrir q, pros outros, já não é mais novidade?
Sabe o q é, pra um escritor, descobrir q seus textos são só um amontoado de palavras q se reordenam de ciclos em ciclos ao longo das pautas do tempo e q vc, é apenas um verso de poema da caneta do acaso?
É... e o meu off-line-mento tem tb a ver com este estado.
E com todos aqueles sacrifícios q eu fazia sem medir esforços para conseguir digitá-los q, me desculpem os sonhadores, não leva ninguém a nada.
Mas agora, lendo por alto uma página onde se publicam editais de concursos públicos e tendo noutras janelas aberto o e-mail do trabalho, a home da faculdade e o meu e-mail pessoal, depois de fechar rapidamente o orkut antes q alguém visse q eu fique on e não desejei feliz aniversário, algo me chamou atenção para além dos bytes.
Ela deveria ter uns 19 anos. Cabelos compridos, negros, ondulados, pele morena, aparência saudável e um riso no rosto com um brilho q me deu saudade dos tempos em q eu usava compulsivamente o msn... Abri. Só pra ver se tinha alguém on line. Três ou 4 gatos pingados, um desconhecido q me adcionou sabe-se lá Deus através de quem ou de onde, um brother, um xato e um veterano. Disse olá ao brother, mas ele me avisou q já tava de saída. Nenhuma, cara. Pensei comigo “já vai tarde”, e fui tb. Antes só q com o msn ligado.
Fiquei olhando pra tela. Nem lendo, mas só vendo as palavras, as figuras, os minutos passarem, absorta, tentando dissolver da mente os momentos de tensão de um dia cheio no trabalho.
Foi assim até q essa minha desconexão caiu e ouvi de repente o som de um choro do qual pude perceber ainda os gestos de quem tentava disfarçar as lágrimas... A mesma pessoa q antes vibrou por ter visto q passara num curso preparatório para o mercado de trabalho, q sorira encantada e encantadoramente para um janela do msn à ponto de até me despertar para ver o meu, agora, ali no mesmo programa, entre soluços disfarçados, chorava...
Foram essas lagrimas q me fizeram rever o HD dos meus últimos 7, 8 anos. Ou talvez 10, 12, desde q vi um microcomputador pela primeira vez.... Me fizeram lembrar de muitas das minhas fases, fantasias, realidades (virtuais e nem tanto), dos textos, pesquisas, frustrações, descobertas, desabafos, emoções, piadas, ppss, gifs, fotos, vídeos, câmeras, chats...
E digo mais, não fosse o tempo já estar acabando eu juro q reabriria o messenger e diria um "hi" praquele forasteiro só pra, sei lá, dar um refresh, tirar a teia, saber qual seria a sua nacionalidade...
Mas nem. Na dividida, faz tempo q tava devendo um post mais ou menos de verdade aqui e, como não é todo dia q a inspiração bate (embora eu apanhe dela bem mais), e a boa vontade sempre tem pressa de ser aproveitada...
Lembrar de emoções vividas me deixa com esse ar assim, de indisfarçável saudade.
Snow, q deve este texto à menina da máquina ao lado, nesta mesma lan house.
terça-feira, janeiro 29, 2008
sábado, janeiro 26, 2008
Crônica da Loucura
De Luis Fernando Veríssimo, recebido por e-mail.
O melhor da Terapia é ficar observando os meus colegas loucos.
Existem dois tipos de loucos. O louco propriamente dito e o que cuida do louco: o analista, o terapeuta, o psicólogo e o psiquiatra. Sim, somente um louco pode se dispor a ouvir a loucura de seis ou sete outros loucos todos os dias, meses, anos. Se não era louco, ficou.
Durante quarenta anos, passei longe deles. Pronto, acabei diante de um louco, contando as minhas loucuras acumuladas. Confesso, como louco confesso, que estou adorando estar louco semanal.
O melhor da terapia é chegar antes, alguns minutos e ficar observando os meus colegas loucos na sala de espera. Onde faço a minha terapia é uma casa grande com oito loucos analistas. Portanto, a sala de espera sempre tem três ou quatro ali, ansiosos, pensando na loucura que vão dizer dali a pouco.
Ninguém olha para ninguém. O silêncio é uma loucura. E eu, como escritor, adoro observar pessoas, imaginar os nomes, a profissão, quantos filhos têm, se são rotarianos ou leoninos, corintianos ou palmeirenses.
Acho que todo escritor gosta desse brinquedo, no mínimo, criativo. E a sala de espera de um "consultório médico", como diz a atendente absolutamente normal (apenas uma pessoa normal lê tanto Paulo Coelho como ela), é um prato cheio para um louco escritor como eu. Senão, vejamos:
Na última quarta-feira, estávamos:
1. Eu
2. Um "crioulinho" muito bem vestido,
3. Um senhor de uns cinqüenta anos e
4. Uma velha gorda.
Comecei, é claro, imediatamente a imaginar qual seria o problema de cada um deles. Não foi difícil, porque eu já partia do princípio que todos eram loucos, como eu. (1). Senão, não estariam ali, tão cabisbaixos e ensimesmados. (2) O pretinho, por exemplo. Claro que a cor, num país racista como o nosso, deve ter contribuído muito para levá-lo até aquela poltrona de vime.
Deve gostar de uma branca, os pais dela não aprovam o namoro e não conseguiu entrar como sócio do "Harmonia do Samba". Notei que o tênis estava um pouco velho. Problema de ascensão social, com certeza. O olhar dele era triste, cansado. Comecei a ficar com pena dele. Depois notei que ele trazia uma mala. Podia ser o corpo da namorada esquartejada lá dentro.
Talvez apenas a cabeça. Devia ser um assassino, ou suicida, no mínimo.Podia ter também uma arma lá dentro. Podia ser perigoso.
Afastei-me um pouco dele no sofá. Ele dava olhadas furtivas para dentro da mala assassina. (3) E o senhor de terno preto, gravata, meias e sapatos também pretos?
Como ele estava sofrendo, coitado. Ele disfarçava, mas notei que tinha um pequeno tique no olho esquerdo. Corno, na certa. E manso. Corno manso sempre tem tiques. Já notaram? Observo as mãos. Roia as unhas.
Insegurança total, medo de viver. Filho drogado? Bem provável. Como era infeliz esse meu personagem. Uma hora tirou o lenço e eu já estava esperando as lágrimas quando ele assuou o nariz violentamente, interrompendo o Paulo Coelho da outra. Faltava um botão na camisa. Claro, abandonado pela esposa.
Devia morar num flat, pagar caro, devia ter dívidas astronômicas.
Homossexual?
Acho que não. Ninguém beijaria um homem com um bigode daqueles. Tingido. (4) Mas a melhor, a mais doida, era a louca gorda e baixinha. Que bunda imensa. Como sofria meu Deus. Bastava olhar no rosto dela.
Não devia fazer amor há mais de trinta anos. Será que se masturbaria? Será que era esse o problema dela? Uma velha masturbadora? Não! Tirou um terço da bolsa e começou a rezar. Meu Deus, o caso é mais grave do que eu pensava. Estava no quinto cigarro em dez minutos. Tensa. Coitada. O que deve ser dos filhos dela? Acho que os filhos não comem a macarronada dela há dezenas e dezenas de domingos. Tinha cara também de quem mentia para o analista.
Minha mãe rezaria uma Salve-Rainha por ela, se a conhecesse.
Acabou o meu tempo. Tenho que ir conversar com o meu psicanalista.
Conto para ele a minha "viagem" na sala de espera.
Ele ri... ri muito, o meu psicanalista, e diz:
- O Ditinho é o nosso office-boy.
- O de terno preto é representante de um laboratório multinacional de remédios lá no Ipiranga e passa aqui uma vez por mês com as novidades.
- E a gordinha é a Dona Dirce, a minha mãe.
- E você, não vai ter alta tão cedo...
Snow, repassando.
O melhor da Terapia é ficar observando os meus colegas loucos.
Existem dois tipos de loucos. O louco propriamente dito e o que cuida do louco: o analista, o terapeuta, o psicólogo e o psiquiatra. Sim, somente um louco pode se dispor a ouvir a loucura de seis ou sete outros loucos todos os dias, meses, anos. Se não era louco, ficou.
Durante quarenta anos, passei longe deles. Pronto, acabei diante de um louco, contando as minhas loucuras acumuladas. Confesso, como louco confesso, que estou adorando estar louco semanal.
O melhor da terapia é chegar antes, alguns minutos e ficar observando os meus colegas loucos na sala de espera. Onde faço a minha terapia é uma casa grande com oito loucos analistas. Portanto, a sala de espera sempre tem três ou quatro ali, ansiosos, pensando na loucura que vão dizer dali a pouco.
Ninguém olha para ninguém. O silêncio é uma loucura. E eu, como escritor, adoro observar pessoas, imaginar os nomes, a profissão, quantos filhos têm, se são rotarianos ou leoninos, corintianos ou palmeirenses.
Acho que todo escritor gosta desse brinquedo, no mínimo, criativo. E a sala de espera de um "consultório médico", como diz a atendente absolutamente normal (apenas uma pessoa normal lê tanto Paulo Coelho como ela), é um prato cheio para um louco escritor como eu. Senão, vejamos:
Na última quarta-feira, estávamos:
1. Eu
2. Um "crioulinho" muito bem vestido,
3. Um senhor de uns cinqüenta anos e
4. Uma velha gorda.
Comecei, é claro, imediatamente a imaginar qual seria o problema de cada um deles. Não foi difícil, porque eu já partia do princípio que todos eram loucos, como eu. (1). Senão, não estariam ali, tão cabisbaixos e ensimesmados. (2) O pretinho, por exemplo. Claro que a cor, num país racista como o nosso, deve ter contribuído muito para levá-lo até aquela poltrona de vime.
Deve gostar de uma branca, os pais dela não aprovam o namoro e não conseguiu entrar como sócio do "Harmonia do Samba". Notei que o tênis estava um pouco velho. Problema de ascensão social, com certeza. O olhar dele era triste, cansado. Comecei a ficar com pena dele. Depois notei que ele trazia uma mala. Podia ser o corpo da namorada esquartejada lá dentro.
Talvez apenas a cabeça. Devia ser um assassino, ou suicida, no mínimo.Podia ter também uma arma lá dentro. Podia ser perigoso.
Afastei-me um pouco dele no sofá. Ele dava olhadas furtivas para dentro da mala assassina. (3) E o senhor de terno preto, gravata, meias e sapatos também pretos?
Como ele estava sofrendo, coitado. Ele disfarçava, mas notei que tinha um pequeno tique no olho esquerdo. Corno, na certa. E manso. Corno manso sempre tem tiques. Já notaram? Observo as mãos. Roia as unhas.
Insegurança total, medo de viver. Filho drogado? Bem provável. Como era infeliz esse meu personagem. Uma hora tirou o lenço e eu já estava esperando as lágrimas quando ele assuou o nariz violentamente, interrompendo o Paulo Coelho da outra. Faltava um botão na camisa. Claro, abandonado pela esposa.
Devia morar num flat, pagar caro, devia ter dívidas astronômicas.
Homossexual?
Acho que não. Ninguém beijaria um homem com um bigode daqueles. Tingido. (4) Mas a melhor, a mais doida, era a louca gorda e baixinha. Que bunda imensa. Como sofria meu Deus. Bastava olhar no rosto dela.
Não devia fazer amor há mais de trinta anos. Será que se masturbaria? Será que era esse o problema dela? Uma velha masturbadora? Não! Tirou um terço da bolsa e começou a rezar. Meu Deus, o caso é mais grave do que eu pensava. Estava no quinto cigarro em dez minutos. Tensa. Coitada. O que deve ser dos filhos dela? Acho que os filhos não comem a macarronada dela há dezenas e dezenas de domingos. Tinha cara também de quem mentia para o analista.
Minha mãe rezaria uma Salve-Rainha por ela, se a conhecesse.
Acabou o meu tempo. Tenho que ir conversar com o meu psicanalista.
Conto para ele a minha "viagem" na sala de espera.
Ele ri... ri muito, o meu psicanalista, e diz:
- O Ditinho é o nosso office-boy.
- O de terno preto é representante de um laboratório multinacional de remédios lá no Ipiranga e passa aqui uma vez por mês com as novidades.
- E a gordinha é a Dona Dirce, a minha mãe.
- E você, não vai ter alta tão cedo...
Snow, repassando.
quinta-feira, janeiro 17, 2008
Lavagem do Bonfim
Calcinha? Eu vim com duas.
Um absorvente interno, um externo,
Um biquini
E um short por baixo da saia...
Isso tudo vestida.
Na bolsa uma calça jeans e uma sandalia baixa...
Esparadrapo, band-aids, crédito no celular, preservativos...
Usei tudo.
Menos os preservativos.
E ainda assim estou fudida.
Apesar do Engov e da Dipirona...
Na saída o vendedor de cerveja me veio com o slogam:
Quem tem fé bebe!
E eu saí seguindo o cortejo, fitinha branca no braço, colar do Gandy no pescoço, cheiro de alfazema... atrás do Jegue Eletríco até a Colina Sagrada...
Snow, descobrindo à cada dia q viver é melhor q teclar.
Um absorvente interno, um externo,
Um biquini
E um short por baixo da saia...
Isso tudo vestida.
Na bolsa uma calça jeans e uma sandalia baixa...
Esparadrapo, band-aids, crédito no celular, preservativos...
Usei tudo.
Menos os preservativos.
E ainda assim estou fudida.
Apesar do Engov e da Dipirona...
Na saída o vendedor de cerveja me veio com o slogam:
Quem tem fé bebe!
E eu saí seguindo o cortejo, fitinha branca no braço, colar do Gandy no pescoço, cheiro de alfazema... atrás do Jegue Eletríco até a Colina Sagrada...
Snow, descobrindo à cada dia q viver é melhor q teclar.
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