domingo, setembro 14, 2008

Quem sou eu:

Áspera, intolerante, rancorosa, vingativa.
Minha avó dizia que eu era ruim. E tinha lá suas razões.
Eu não sei continuar como se nada tivesse acontecido. Assim, simplesmente. Porque quebra. Eu quebro. Menos por ser frágil e mais por ser rígida. Inflexível.
Falta de rola. Deve ser.
Tivesse, tava tudo resolvido. Mas nasci sem. E nem gosto de Freud, mas mijar em pé me parece muito mais legal que a dor de parir.
Se bem que ela me disse que depois q nasce, passa...
Não sei bem como começou esta conversa, mas tive a impressão que era pra me ensinar... Eu que àquela época já brincava com fogo.
Pra Psicanálise, do pouco que eu sei, a gravidez é a única das três saídas que realmente resolve a mulher. As outras duas eram... hum... ter uma vida independente e uma carreira profissional bem-sucedida e... a terceira não lembro.
(Assim que rever meus cadernos eu posto como comentário. Perdoem a sacanagem de não dizer ainda, não foi premeditado.)
E não deve ser importante, de certo.
Importante foi ela ter me dito q preferisse normal à cesariana, porque está última é bastante dolorosa depois e nesse meio tempo já haverá mais alguém precisando de mim, dos meus seios fartos e doridos, prontos pra alimentar a nova vida...
Antes eu não entendia bem porque as pessoas tinha filhos assim, por acidente. Mas agora sei que, se você pensar bem, você não os tem. Criança é coisa séria. E é por pensar assim que talvez eu nunca tenha filhos.
Aliás, dependesse de mim, eu mesma não existiria. Nem eu, nem ela. Nem a mãe dela. Nem a avó de nós duas. Nem o resto da galera.
Deixava vingar só os mais recentes, os que estão nascendo por agora. Os que de alguma forma nós podemos cuidar.
Queria poder mais. Mas eu não estudei... (rs)
De um modo geral, ninguém se importa muito com ninguém. Melhor, muitos, pouco se importam até mesmo consigo.
A espécie tá aí e tal, mas como a vida de cada um é curta, então pra quê, né mesmo?
Recentemente decidi que vou ser juíza. Recentemente ando muito ressentida com o julgamento dos outros sobre outros que em nada afetam as suas vidas.
(Até agora tô tentando lembrar qual era a terceira saída e porque mesmo que eu achei que de forma alguma poderia me servir, e nada!
Engraçado. Como eu ainda não me enquadro em nenhuma das outras duas pode ser justamente nela que tenha me perdido.)
Das aulas de Psicanálise uma coisa ficou gravada em minha memória: todo mundo só vê o que quer e só ouve o que quer. Não importa o que você mostre ou o que você diga.
Isso explicaria aquela ternura por alguns dos que nos agrediram que talvez a gente admita ter sentido ao menos uma vez na vida. E aquela raiva, aquele desprezo por alguns que se deram por nós enquanto poderiam muito bem cuidar de suas miseráveis vidas.
Uma coisa que gosto nas músicas que falam sobre violência é que a subjetividade parece ser um pouco mais objetiva. Eu até queria que a dor do outro ocupasse um pouco mais de espaço na minha vida que estas que agora sinto. Todas mesquinhas e evasivas.
Queria morrer antes de todos pra não ter que ver alguns irem antes de mim... Digo isto assim, embora me preocupe com o que vão pensar, mas me acalma a leve desconfiança de que no fundo, todos desta raça são potencialmente suicidas.
Queria ir primeiro porque a dor da despedida é para mim a mais agonizante de todas... Nascesse no Oriente, fosse indígena ou espiritualista não teria este pensamento. Mas cultura é algo que nos faz humanos. Tal qual o sangue...
Eu sei que tudo o que aconteceu em minha vida foi aglomerante, agregado e liga pra o que eu sou hoje e eu gosto disso. Ao mesmo tempo em que lamento estar assim... Tão amarga e tão agressiva.
Há dois meses comprei uma dose de testosterona no mercado negro. (Um negão, meu brother, me deu a dica.). Tava a fim de engrossar essas minhas perninhas tortas e finas para com as quais já tentei muita coisa nesta vida, mas... (suspiro!), tem que ter mais persistência que problemas pra fazer algum efeito.
Não tive coragem de tomar ainda.
Uma desculpa que me dei foi o fato do meu cabelo estar caindo muito depois da escova progressiva. Daí sonhei comigo careca, com a voz grossa e o peito cabeludo...
(Relendo este último parágrafo entendi que se não postar isto imediatamente corro o risco de apagar tudo. Até no sonho eu sou má comigo! rs)
E meu cabelo tá tão lindo...
(Rafael foi o único que achou horrível. Mas talvez tenha mais gente nesse lado da torcida. As pessoas não costumam ser muito sinceras quanto a isso e, quer saber, eu acho que não precisavam ser. Porque por mais que existam motivos, eu não vejo nenhum bom motivo.)
A segunda razão pela qual não tomei ainda foi essa minha, esse meu... esses. Esses meus dois culhões que eu mantenho a sete chaves escondidos no meio das pernas, camuflados em forma de periquita.
(Rs. Vou botar uma censura nessa porra! rs. Se bem que por aqui, nunca veio nenhuma criança.)
Eu tive medo, sabe? Medo que a testosterona revelasse o homem que há em mim e que eu sei que é primitivo. É agreste, é grosso, é ignorante, é brabo. Não come reggae, vai pra cima e mete mermo sem dó. Tá nem aí pro que sobra.
Ele me assusta.
Outro dia deu um chute no saco de boxe do Goshin Jitsu que na mesma hora meu pezinho ficou todo vermelho. Dia seguinte, mal me equilibrava no salto.
O motivo prático pelo qual não tô ainda bombada é esse meu problema primário com comida que, já agendei o psicólogo em caráter de urgência. Não adiantaria nada abrir o apetite, ter fome e, por isso mesmo, sentir raiva de comer. Mas isso é papo pra outra blogada.
Tirei o link daqui do perfil do Orkut. Isso explica um pouco essa minha maior descontração por aqui. Nesses quatro anos de blogagem raríssimos vieram de lá. E eu que mantinha certa compostura a despeito dos eventuais desconhecidos, acabei por resolver o problema.
Tirei também todas as outras informações desnecessárias. Cada um só vê o que quer mesmo e, desses, alguns ainda vão fazer questão de te mostrar o que enxergam... Então, melhor não dizer nada.
Mudei a parte do relacionamento. Informei que sou casada.
Não sou. Todos sabem. Não há aliança, não há papel passado nem presente, não há relacionamento, não há nada.
Eu não sei mesmo explicar porque fiz isso. Tenho várias respostas. Nenhuma casa.
(Deve ter a ver com a tal da terceira saída que não lembro! rs. E que deve tar pulsando ainda.)
E o restante deve ter vindo por ter assistido recentemente a primeira faixa do DVD novo de Ana Carolina.
Lamento informar-lhes, mas não sou esse macho todo. Tava apenas inspirada.
Aos que ficaram com dúvidas, também não sou viada.
(No rol da minha quase meia dúzia de leitores, sei que mais da metade não lê textos grandes, então, creio que não haverá muita repercussão. Tomara!)
Quando comecei a escrever tava pensando em que diferença faz dizer que se é forte ou frágil...
Que diferença faz a gente ser um e se esforçar pra moderar o outro que também se é?
Que diferença faz o que a gente é pros outros?
...
Só faz diferença mesmo pros outros o que os outros acham que a gente é. Porque é apartir do momento em que eles começam a achar o contrário que as coisas mudam.
Já a gente, nós mesmos, a gente pode ser dar ao luxo de odiar aquela meninazinha nhe-nhe-nhe e aquela galerinha lá gente boa pá caralho.
Só a gente mesmo pra curtir aquele sacana, aquele cara lerdo, miserável, canalha.
Só a gente pra gostar daquele arrogante, amar aquele otário.
A gente não gosta ou desgosta por mérito ou demérito alheio, isso pra mim já tá mais do que comprovado.
Então, sinceramente, eu não posso ficar me stressando com essas pessoas todas.

Eu vou ficar gostosa, de cabelo grande, e vou ser juíza. Na próxima década, antes que eu morra. Vou começar agora!

Depois vejo isso dessas coisas psicológicas.


Snow, indócil.

3 comentários:

Anônimo disse...

Texto grande, comentário grande... afinal são tantas emoções. Já q comecei com uma referência brazuca vai uma inglesica em seguida: toda vez q ouço o verso "I sometimes wish I'd never been born at all", me escorre uma lágrima dos olhos... pq esse sometimes é quase um always... ou então deve ser a mulher dentro de mim, que é uma meninazinha bem nhe-nhe-nhe... por fim, tentando revelar o bom motivo da aversão ao seu cabelo lindo é que tem coisas que nossos olhos já se habituaram, ainda mais se visto de diversos angulos... tá no link aí: http://www.gabitsa.blogger.com.br/leao.jpg... por fim só estou comentando pq sou daqueles q fazem questão de mostrar o q enxergam... e pq fiquei curioso para saber sobre a terceira: até agora não achou o caderno? bjos... P.S. compreenderei se ler o comentário só até a metade.

Snow disse...

Eu vim hj rever a ortografia q a lan de ontem não tinha Word e, especialmente, tirar o nome de Rafael dessa gangorra, rs, mas agora q vc já leu, q alguém já leu... então achei melhor deixar. Hj meu cabelo não acordou muito bem mesmo.
Vou ler o link depois.
E prometo com todas as minhas forças achar o tal caderno.

P.S. Eu sou dessas q releio.

Beijos!

Felipe Rosa disse...

Eu, como parte da quase meia dúzia de leitores e como parte da praticamente metade que muitas vezes não lê textos grandes, vim dizer que li. Todas as mil vozes, trágicas, cômicas, crônicas, poéticas, agudas que tão gritando ai.

Indócil!