O filme parece tão árduo quanto o livro. Quanto algumas vezes adversa é a vida.
É em preto e branco como o livro. Como algumas vezes passa a vida.
E Graciciano que era Ramos mais pareceu Espinhos...
Baleia morreu de tudo um pouco. Sobrou bem menos mérito pro tiro.
E o disparo seco, o cheiro seco, o uivo seco e o sangue negro demoraram quase o mesmo tempo na retina que os dias que levei pra ler o livro.
Depois de ir à geladeira e tentar abrir o vinho comprado tinto, de mesa, a constatação de que, sem saca-rolhas, seria impossível.
Ele fora escolhido pela cor do líquido, pela garrafa mais bonita e também por, dentre as que havia, ter sido a mais cara acessível.
Achei que o rótulo não precisaria ser bem lido. Na minha imaginação sobre vinhos a idéia de que ficam tanto melhores quanto mais envelhecidos era predominante. De forma que procurar pela validade me pareceu ridículo.
Mas houve o filme, o sol, a seca...
Pensei em trocar, mas depois de quase esbagaçar o lacre, entendi o quanto era tarde...
Madrugada. Esse não era bem o final desejado. Depois que todos vão embora, a cena parece pela metade.
O desejo pelo vinho, seco, morreu ali.
E eu queria apenas que tivesse sido suave...
Snow. Sobre safra, sobre cifra, sobre sofrer.
sexta-feira, março 27, 2009
quarta-feira, março 25, 2009
Ela...
É bom sentir-se bem... É bom demais, sabe?
O problema de estar bem é que a escrita fica desacreditada, desfigurada, sem rumo... por vezes, sem palavras.
O bom é muitas vezes bobo. Sem próposito, sem intenção, sem parada. O bom é quando não se sabe quando é que acaba. (Porque é ruim demais quando o bom tem hora e data marcada.)
Bom é mudar alguma coisa do lugar, mudar o lugar das coisas, ver as coisas boas seguirem seu rumo no mesmo lugar, sempre pra frente... Bom é progredir, ver que algumas coisas não são mais da maneira que eram, que algumas estão mudando, que outras de certa forma já mudaram.
É bom até quando não se está contente com o bom, só porque é certo que melhora.
E vai tudo melhorar com o tempo...
Isso inquietava, sabe?
Queria mesmo algo que quanto mais o tempo passasse melhor ficasse. O tempo angustiava desde os tempos de menina. (Os mais jovens têm realmente essa inquietude quanto aos seus rumos, seus destinos, seus aprendizados.). Nisso, os mais velhos têm calma.
É bom comer uma fruta boa...
Um cestinha de jambo, uma manga madura, abacate ao leite, uva sem caroço, um cacho...
Bom maquiar com calma, o cheiro bom de cosmético, o perfume bom, importado...
Bom andar descalça pela casa depois de um dia sobre o salto. Um banho de chuveiro quente, oléo de banho, a tolha felpuda, cama macia e uma noite inteira para ser descansada...
Comprou um hidratante novo, um ultra-hidratante em forma de pomada. E este realmente faz mais do que promete, nossa! Ele escorrega pela pele, ela absorve, ele perfuma, ela desliza, ele amacia, ela hidrata, ele entra! Ui! Se ela não tiver cuidado, ele trata!
Às vezes tá tudo tão bom que, sinceramente, não precisaria mexer em mais nada.
Mas frequentemente a alma tem saído voando pela janela do quarto... Porque recentemente tem descoberto que muito do que é bom é possível, é palpável... por vezes, inevitável.
Assim, o que foi bom ontem pode ser incrementado. O que foi bom instantes atrás pode ser repetido, e com sabor realçado.
Mais aí fica tudo tão bom, tão massa, tão extremamente agradável, que não se sabe porquê a almazinha assustada deixa o corpo e sai com tudo, como se escorraçada.
O corpo então em riste fica agonizando vazio, tremendo murcho, abraçando o travesseiro, puxando o lençol em transe, o peito arfando, os lábios apertados, as mãos comprimindo a vida, os braços que se auto-agarram, flagelados...
E é nessas horas que chora...
Desesperada.
Deve ser porque tudo o que é bom mesmo nessa vida fica bem melhor se está acompanhada. E só é bom mesmo, de verdade, aquilo que tem alma.
Snow, amêndoas, colágeno, mel, almíscar, música, geléia, vinho, ventinho bom, luz fraca... e lágrimas.
O problema de estar bem é que a escrita fica desacreditada, desfigurada, sem rumo... por vezes, sem palavras.
O bom é muitas vezes bobo. Sem próposito, sem intenção, sem parada. O bom é quando não se sabe quando é que acaba. (Porque é ruim demais quando o bom tem hora e data marcada.)
Bom é mudar alguma coisa do lugar, mudar o lugar das coisas, ver as coisas boas seguirem seu rumo no mesmo lugar, sempre pra frente... Bom é progredir, ver que algumas coisas não são mais da maneira que eram, que algumas estão mudando, que outras de certa forma já mudaram.
É bom até quando não se está contente com o bom, só porque é certo que melhora.
E vai tudo melhorar com o tempo...
Isso inquietava, sabe?
Queria mesmo algo que quanto mais o tempo passasse melhor ficasse. O tempo angustiava desde os tempos de menina. (Os mais jovens têm realmente essa inquietude quanto aos seus rumos, seus destinos, seus aprendizados.). Nisso, os mais velhos têm calma.
É bom comer uma fruta boa...
Um cestinha de jambo, uma manga madura, abacate ao leite, uva sem caroço, um cacho...
Bom maquiar com calma, o cheiro bom de cosmético, o perfume bom, importado...
Bom andar descalça pela casa depois de um dia sobre o salto. Um banho de chuveiro quente, oléo de banho, a tolha felpuda, cama macia e uma noite inteira para ser descansada...
Comprou um hidratante novo, um ultra-hidratante em forma de pomada. E este realmente faz mais do que promete, nossa! Ele escorrega pela pele, ela absorve, ele perfuma, ela desliza, ele amacia, ela hidrata, ele entra! Ui! Se ela não tiver cuidado, ele trata!
Às vezes tá tudo tão bom que, sinceramente, não precisaria mexer em mais nada.
Mas frequentemente a alma tem saído voando pela janela do quarto... Porque recentemente tem descoberto que muito do que é bom é possível, é palpável... por vezes, inevitável.
Assim, o que foi bom ontem pode ser incrementado. O que foi bom instantes atrás pode ser repetido, e com sabor realçado.
Mais aí fica tudo tão bom, tão massa, tão extremamente agradável, que não se sabe porquê a almazinha assustada deixa o corpo e sai com tudo, como se escorraçada.
O corpo então em riste fica agonizando vazio, tremendo murcho, abraçando o travesseiro, puxando o lençol em transe, o peito arfando, os lábios apertados, as mãos comprimindo a vida, os braços que se auto-agarram, flagelados...
E é nessas horas que chora...
Desesperada.
Deve ser porque tudo o que é bom mesmo nessa vida fica bem melhor se está acompanhada. E só é bom mesmo, de verdade, aquilo que tem alma.
Snow, amêndoas, colágeno, mel, almíscar, música, geléia, vinho, ventinho bom, luz fraca... e lágrimas.
sexta-feira, março 13, 2009
Encerrando Ciclos
"Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final.
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos, não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais?
Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó.
Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora.
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração, e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal". Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa, nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.
Deixe de ser quem era... e se transforme em quem vc é!"
(*)
P.S. Esse texto circula na internet atribuído a Fernando Pessoa. Li tb que Paulo Coelho traduziu da psicóloga colombiana Sonia Hurtado e assumiu a autoria, mas ela o processou por plágio. Enfim, não investiguei isso a fundo ainda.
Me parece um texto de auto-ajuda e eu tb não sei até que ponto não auto-atrapalha, já que cada ser tem seu momento de passar as coisas adiante e, de certa forma, forçar alguém a dar um passo que ele ainda não alcansa só pq esse passo precisa ser dado, ainda pode resultar numa queda com consequências maiores.
...
Sempre ouço o mesmo disco por semanas e mesmo assim não é garantia que aprenderei as músicas. E, aprendendo ou não, se ouvi por tanto tempo, é certo que não o jogarei fora.
Minha mãe ainda guarda o meu primeiro vestidinho...
Eu ainda tenho bonecas das quais nunca me desfiz.
Visualiso duas formas das coisas acontecerem, ambas com suas vantagens e problemas:
Uma, de dentro pra fora, onde vc muda e as coisas ao seu redor não precisam ser alterdas, pq vc já as percebe diferentes.
Outra, de fora pra dentro, as coisas mudam, e vc tb. As coisas te enquadram numa situação diferente e vc não pode ter mais a visão antiga sobre elas, nem sobre si mesmo.
É claro que é muito mais fácil imaginar que alguém que perdeu uma perna deseja aprender a andar de moletas do que pensar que alguém que quer aprender a andar de moletas deseja cortar uma perna. Mas muitas vezes é assim que a gente age e assim que a vida acontece. (Vide o filho que se acha crescido, quer ser independente, e despreza os ensinamentos dos mais velhos.).
...
Acredito que já vivi o bastante pra aceitar que a maneira como cada um se desenvolve não é uma questão de opção volitiva. Assim, às vezes vc escolhe os caminhos, às vezes é escolhido pelas circunstancias e, às vezes não faz diferença nenhuma. Estou começando a pensar sobre a moldagem do tempo...
A semente, o embrião, a planta, a fruta verde, a fruta madura, a fruta podre, a semente...
Cada etapa com seu brilho, seu cheiro, seu gosto, seu viço...
Crianças agem como crianças em qualquer lugar do mundo. Adolescentes, velhos...
Um dia o tempo passa e a gente entende que acabou. Essa frase me parece mais lógica, mas natural que "um dia a gente entende que acabou e aí então o tempo passa"...
Embora possa ser que o tempo passe... e ainda assim a gente não entenda.
Embora tb, tão logo a gente entende, nos damos conta de que já passou um tempão.
É por isso que há amores que nunca serão resolvidos.
Há desejos que não serão satisfeitos.
Há etapas das quais a gente não sai. Outras, pelas quais nem se passa.
Há feridas que não cicratizarão... Há cortes que realmente matam.
Há velhos que morrerão adolescentes...
Só o tempo realmente acaba.´
Seja lá o que quer que se faça.
Snow, auto-não-auto.
P.S. Falta reler, falta reeditar.
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos, não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais?
Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó.
Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora.
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração, e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal". Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa, nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.
Deixe de ser quem era... e se transforme em quem vc é!"
(*)
P.S. Esse texto circula na internet atribuído a Fernando Pessoa. Li tb que Paulo Coelho traduziu da psicóloga colombiana Sonia Hurtado e assumiu a autoria, mas ela o processou por plágio. Enfim, não investiguei isso a fundo ainda.
Me parece um texto de auto-ajuda e eu tb não sei até que ponto não auto-atrapalha, já que cada ser tem seu momento de passar as coisas adiante e, de certa forma, forçar alguém a dar um passo que ele ainda não alcansa só pq esse passo precisa ser dado, ainda pode resultar numa queda com consequências maiores.
...
Sempre ouço o mesmo disco por semanas e mesmo assim não é garantia que aprenderei as músicas. E, aprendendo ou não, se ouvi por tanto tempo, é certo que não o jogarei fora.
Minha mãe ainda guarda o meu primeiro vestidinho...
Eu ainda tenho bonecas das quais nunca me desfiz.
Visualiso duas formas das coisas acontecerem, ambas com suas vantagens e problemas:
Uma, de dentro pra fora, onde vc muda e as coisas ao seu redor não precisam ser alterdas, pq vc já as percebe diferentes.
Outra, de fora pra dentro, as coisas mudam, e vc tb. As coisas te enquadram numa situação diferente e vc não pode ter mais a visão antiga sobre elas, nem sobre si mesmo.
É claro que é muito mais fácil imaginar que alguém que perdeu uma perna deseja aprender a andar de moletas do que pensar que alguém que quer aprender a andar de moletas deseja cortar uma perna. Mas muitas vezes é assim que a gente age e assim que a vida acontece. (Vide o filho que se acha crescido, quer ser independente, e despreza os ensinamentos dos mais velhos.).
...
Acredito que já vivi o bastante pra aceitar que a maneira como cada um se desenvolve não é uma questão de opção volitiva. Assim, às vezes vc escolhe os caminhos, às vezes é escolhido pelas circunstancias e, às vezes não faz diferença nenhuma. Estou começando a pensar sobre a moldagem do tempo...
A semente, o embrião, a planta, a fruta verde, a fruta madura, a fruta podre, a semente...
Cada etapa com seu brilho, seu cheiro, seu gosto, seu viço...
Crianças agem como crianças em qualquer lugar do mundo. Adolescentes, velhos...
Um dia o tempo passa e a gente entende que acabou. Essa frase me parece mais lógica, mas natural que "um dia a gente entende que acabou e aí então o tempo passa"...
Embora possa ser que o tempo passe... e ainda assim a gente não entenda.
Embora tb, tão logo a gente entende, nos damos conta de que já passou um tempão.
É por isso que há amores que nunca serão resolvidos.
Há desejos que não serão satisfeitos.
Há etapas das quais a gente não sai. Outras, pelas quais nem se passa.
Há feridas que não cicratizarão... Há cortes que realmente matam.
Há velhos que morrerão adolescentes...
Só o tempo realmente acaba.´
Seja lá o que quer que se faça.
Snow, auto-não-auto.
P.S. Falta reler, falta reeditar.
quarta-feira, março 11, 2009
Efeitos
O ruim de assistir a filmes antigos é que, se já é difícil conversar com alguém que assistiu ao mesmo filme qualquer que seja, se torna então mais raro encontrar quem tenha visto um que passou na tv há muito tempo. Caso esse ser seja encontrado, mas difícil ainda será se lembrar de alguma ideia ou impressão que este lhe tenha causado para que a conversa pareça mesmo uma conversa.
Mas há alguns filmes que desejei por anos assistir e que agora reclamam com certo egocentrismo a sua vez em minha vida. Alguns, com toda razão. Então lhes concedo o prazer de me provocar as emoções que nem sei se antes seriam as mesmas.
Deitada aqui em minha cama, sozinha, sem frio ou calor, banhada apenas pela luz da tela, as emoções podem ser hoje como não seriam jamais nos tempos dos furtivos flash de madrugada, enquanto todos dormiam, sem áudio pra não chamar àtenção a ponto de ser convidada a desligar e ir dormir, adivinhando os sons ou observando as legendas na tela... Essa era a maneira mais adequada que encontrava de assistir a um filme no início da adolescência...
Fora isto, mesmo a sessão da tarde me constrangia a ir beber água ou ir ao banheiro, fosse nas inevitáveis cenas mais calientes ou nos encontros de natureza humana capazes emocionar. Já que, por algum dos muitos motivos de família, não me emocionava em família. Ainda que para tanto fosse preciso evitar qualquer contato com a emoção ou repeli-la diante da eminência.
De dentro dessa subjetividade, meus olhinhos optaram por não assistir mais filmes até que fosse possível, se um dia pudesse.
Quando tomei essa decisão jamais imaginava que haveria algum tempo onde se pudesse ter quase que qualquer coisa exibida no cinema ou na tv num arquivo ao alcance de um clique. Pois é...
Assisti Tomates Verdes Fritos.
E Ao Mestre com Carinho.
Nove e meia semanas de amor.
O Xangô de Backstreet.
O Fabuloso Destino de Amelie Poulain...
O Céu de Suely.
***
Assisti Crepúsculo essa madrugada.
Depois de quase 3 meses tentando vencer o medo de ver sozinha.
Foi bom. Quer dizer, podia ter sido melhor, apesar de que ainda nem acabou.
É... A versão que peguei tenho desde a primeira semana de estréia, dublada. O som não tá legal. Demorou um tempo até que entendesse que poderia baixar uma legenda. Demorou mais ainda até aprender a fazê-la funcionar. Depois tive que usar os conhecimentos desse meio tempo aprendendo a usar o subrip - um programa cuja função é transformar formatos e editar legendas, mas que só uso mesmo pra sincronizar - quando quem ripou o filme não é a mesma pessoa que juntou com a legenda, essas assincronias. Bom, gostaria de ter certeza de que não estou falando muita besteira, mas no momento, não é possível. É tudo novidade ainda.
Quase no final do filme a legenda atrasou novamente e como a esta altura eu já tinha entendido que não havia nada que pudesse temer, só parei de tentar resolver quando o tempo do número de tentativas excedeu ao tempo que faltava pro filme acabar...
(E também, por já estar amanhecendo, achei que seria um certo desrespeito ao filme se o permitisse acabar em plena luz do dia.).
O filme é bom. Eu achei bom. Fazia tempo que tava querendo ver um romancezinho adolescente que ainda conservasse o encanto dos sonhos adolescentes... E este está cheio disso. Lindo. Às vezes os próprios personagens duvidam que possa haver tal realidade. Um mundo à parte. E eu me sinto evasiva e cheia de pensamentos incontinentes como há uns 15 anos atrás...
Não queria estar falando de filmes em públco. Não tô pronta pra fazer crítica em nenhum sentido e, sinceramente, sinto falta do tempo em que meu blog era menos frequentado. (Que por favor não se ofendam os desavisados, eu não quis ser tão sincera. Mas a verdade é que me sentia um pouco mais segura, antes.).
Eu tenho medo do Google. Medo de que algum desconhecido digite lá a palavra crepúsculo e tropece em coisas que não são o que ele procura. Por sorte o nome do filme é bastante comum em nossa língua, mas de certo não me arriscaria a escrever tantas vezes a expressão “Slumdog Millionaire”.
No mais, vou repetir porque é importante pra mim, o filme não assusta. Medo eu senti foi de Amarelo Manga! Rs. Quase não durmo.
Não me arrependo de não ter ido ver no cinema porque o achei assim, bonito. E cinema é frio, distante, às vezes barulhento, por demais escuro... (Ou pelo menos é assim que o imagino sem companhia). E coisas bonitas eu gosto de ver em outra situação climática.
É verdade que neste momento os meus cotovelos doem bastante. É um tipo de efeito colateral desse modelo de comunicação que vem dormindo comigo. E tem outros efeitos mais. Dia desses adormeci segurando o modem. Acodei com os dedinhos vermelhos, a mão queimada. Não chega a ser um incêncio e tal, mas esquenta bastante as minhas noites e, mesmo tendo certeza que não gosto de ventilador, às vezes, é necessário.
Queria ter visto o final...
Como no início ela começa falando que apesar de não pensar sobre a morte, acredita que uma bela forma de morrer seja morrer por alguém a quem se ame, não faço idéia se irão poupá-la. Sei que personagens são coisas em que a gente não deve se apegar. Porque tudo pode acontecer a eles - mesmo o que não nos acontece há tempos.
Hoje à tarde irei baixar uma legenda nova ou continuar a tentativa de concertar esta, ao menos só pra ver. Depois vou começar a baixar uma versão mais limpa pra gravar na mídia. Preciso arquivar algumas coisas, limpar, liberar uns 80 gigas.
Eu queria muito que os dia passassem depressa. Estou um pouco sem paciência, ansiosa, intranquila.
Semana passada meu sobrinho me confessou que queria que já fosse dia.
“Eu não gosto muito de dormir, titia.”
É verdade... Oito anos, eu pensei, é muito diferente de trinta.
Não tive a mesma coragem e não lhe contei que queria mesmo era que não amanhecesse por uns longos dias.
Queria ter mais tempo pra planejar minha vida.
Snow, sobre peles e películas.
Mas há alguns filmes que desejei por anos assistir e que agora reclamam com certo egocentrismo a sua vez em minha vida. Alguns, com toda razão. Então lhes concedo o prazer de me provocar as emoções que nem sei se antes seriam as mesmas.
Deitada aqui em minha cama, sozinha, sem frio ou calor, banhada apenas pela luz da tela, as emoções podem ser hoje como não seriam jamais nos tempos dos furtivos flash de madrugada, enquanto todos dormiam, sem áudio pra não chamar àtenção a ponto de ser convidada a desligar e ir dormir, adivinhando os sons ou observando as legendas na tela... Essa era a maneira mais adequada que encontrava de assistir a um filme no início da adolescência...
Fora isto, mesmo a sessão da tarde me constrangia a ir beber água ou ir ao banheiro, fosse nas inevitáveis cenas mais calientes ou nos encontros de natureza humana capazes emocionar. Já que, por algum dos muitos motivos de família, não me emocionava em família. Ainda que para tanto fosse preciso evitar qualquer contato com a emoção ou repeli-la diante da eminência.
De dentro dessa subjetividade, meus olhinhos optaram por não assistir mais filmes até que fosse possível, se um dia pudesse.
Quando tomei essa decisão jamais imaginava que haveria algum tempo onde se pudesse ter quase que qualquer coisa exibida no cinema ou na tv num arquivo ao alcance de um clique. Pois é...
Assisti Tomates Verdes Fritos.
E Ao Mestre com Carinho.
Nove e meia semanas de amor.
O Xangô de Backstreet.
O Fabuloso Destino de Amelie Poulain...
O Céu de Suely.
***
Assisti Crepúsculo essa madrugada.
Depois de quase 3 meses tentando vencer o medo de ver sozinha.
Foi bom. Quer dizer, podia ter sido melhor, apesar de que ainda nem acabou.
É... A versão que peguei tenho desde a primeira semana de estréia, dublada. O som não tá legal. Demorou um tempo até que entendesse que poderia baixar uma legenda. Demorou mais ainda até aprender a fazê-la funcionar. Depois tive que usar os conhecimentos desse meio tempo aprendendo a usar o subrip - um programa cuja função é transformar formatos e editar legendas, mas que só uso mesmo pra sincronizar - quando quem ripou o filme não é a mesma pessoa que juntou com a legenda, essas assincronias. Bom, gostaria de ter certeza de que não estou falando muita besteira, mas no momento, não é possível. É tudo novidade ainda.
Quase no final do filme a legenda atrasou novamente e como a esta altura eu já tinha entendido que não havia nada que pudesse temer, só parei de tentar resolver quando o tempo do número de tentativas excedeu ao tempo que faltava pro filme acabar...
(E também, por já estar amanhecendo, achei que seria um certo desrespeito ao filme se o permitisse acabar em plena luz do dia.).
O filme é bom. Eu achei bom. Fazia tempo que tava querendo ver um romancezinho adolescente que ainda conservasse o encanto dos sonhos adolescentes... E este está cheio disso. Lindo. Às vezes os próprios personagens duvidam que possa haver tal realidade. Um mundo à parte. E eu me sinto evasiva e cheia de pensamentos incontinentes como há uns 15 anos atrás...
Não queria estar falando de filmes em públco. Não tô pronta pra fazer crítica em nenhum sentido e, sinceramente, sinto falta do tempo em que meu blog era menos frequentado. (Que por favor não se ofendam os desavisados, eu não quis ser tão sincera. Mas a verdade é que me sentia um pouco mais segura, antes.).
Eu tenho medo do Google. Medo de que algum desconhecido digite lá a palavra crepúsculo e tropece em coisas que não são o que ele procura. Por sorte o nome do filme é bastante comum em nossa língua, mas de certo não me arriscaria a escrever tantas vezes a expressão “Slumdog Millionaire”.
No mais, vou repetir porque é importante pra mim, o filme não assusta. Medo eu senti foi de Amarelo Manga! Rs. Quase não durmo.
Não me arrependo de não ter ido ver no cinema porque o achei assim, bonito. E cinema é frio, distante, às vezes barulhento, por demais escuro... (Ou pelo menos é assim que o imagino sem companhia). E coisas bonitas eu gosto de ver em outra situação climática.
É verdade que neste momento os meus cotovelos doem bastante. É um tipo de efeito colateral desse modelo de comunicação que vem dormindo comigo. E tem outros efeitos mais. Dia desses adormeci segurando o modem. Acodei com os dedinhos vermelhos, a mão queimada. Não chega a ser um incêncio e tal, mas esquenta bastante as minhas noites e, mesmo tendo certeza que não gosto de ventilador, às vezes, é necessário.
Queria ter visto o final...
Como no início ela começa falando que apesar de não pensar sobre a morte, acredita que uma bela forma de morrer seja morrer por alguém a quem se ame, não faço idéia se irão poupá-la. Sei que personagens são coisas em que a gente não deve se apegar. Porque tudo pode acontecer a eles - mesmo o que não nos acontece há tempos.
Hoje à tarde irei baixar uma legenda nova ou continuar a tentativa de concertar esta, ao menos só pra ver. Depois vou começar a baixar uma versão mais limpa pra gravar na mídia. Preciso arquivar algumas coisas, limpar, liberar uns 80 gigas.
Eu queria muito que os dia passassem depressa. Estou um pouco sem paciência, ansiosa, intranquila.
Semana passada meu sobrinho me confessou que queria que já fosse dia.
“Eu não gosto muito de dormir, titia.”
É verdade... Oito anos, eu pensei, é muito diferente de trinta.
Não tive a mesma coragem e não lhe contei que queria mesmo era que não amanhecesse por uns longos dias.
Queria ter mais tempo pra planejar minha vida.
Snow, sobre peles e películas.
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