Chegou a época do tempo frio, da casa fria, das águas. E é inevitável não escrever sobre o frio sob o frio.
Sinto que estou cada vez mais fria que o frio que sinto.
“Bobagem” - diria aquele que pudesse chegar mais perto. - Mas eu já estou bem distante.
Nem o “esquente” na estação de ginástica montada às pressas pra preencher o espaço e o tempo vazios fazem lá essa diferença que imaginei que faria. É verdade, a diferença só vem com o tempo... E maldito seja esse tempo frio!
É nessa época também que me recordo do quanto fico trêmula com o vento. E o quanto me custa lavar os cabelos, os pratos, as roupas...
Curiosamente lembrei sobre a explicação que me deu certa vez a vizinha quando lhe questionei porque envolvia com tantos panos o aparelho de som e a tv: “É o seguinte, quando a minha televisão pifou e eu levei na assistência, o técnico me disse que era problema de 'solda fria'”. Entendi que ela os enrolava assim pra aquecer a solda...
É... aquecimento e enrolação têm lá seus pontos em comum. Pensando bem, tudo a ver.
Houve quem rejeitasse o lençol pra se acostumar com o frio...
Quem, de tão quente, ligava o ar na potência máxima...
Enrolados que não esquentavam com nada.
Frios que preferiram não enrolar...
Tantos invernos, jardins, infernos, afins...
Procurando por uma palavra específica encontrei sem querer numa caixa antiga um e-mail esquecido. Bateu aquele velho frio na espinha.
Quando do canto dos olhos já despontava um filete quente que escorreria na face derretida, finalmente a vista alcançou a assinatura daquela carta curta, fruto de uma espera comprida, sem prova, sem papel, sem envelope, sem selo...
No final do texto dirigido a uma certa Snow, se despedia com um singelo “beijo, Gelo”.
Snow, brrrr!!!
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2 comentários:
engraçado isso da solda fria. me remete àquele questionamento sobre sermos mais ou menos felizes q os outros. se explicasse pra ela, vc, em vez de estar resolvendo um problema, estaria, talvez, combatendo uma solução.
E foi o q eu não fiz. Há soluções q se bastam. E há problemas que nem são...
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