quinta-feira, abril 09, 2009

Se os corpos mentem, que pensar das mentes?

Será que somos nós quem controlamos nosso pensamento?
Ou será o nosso pensamento que nos controla?
O humano tem pensamentos?
Ou o pensamento nos faz humanos?
Será que é porque eu quero?
Eu que já pensei tanto em não querer...
Que passei muito tempo pensando,
Pensando...
Em
Não
Querer...
Sei que até poderia não querer. Mas não sei se posso não pensar.
Uma forma de enganar o pensamento, adormecê-lo ao menos, é fazer coisas.
Fazer ajuda a pensar menos. Porque sobra menos tempo. Pensar exige tempo.
Fazer uma coisa após a outra evita que um único pensamento apenas povoe a mente todo o tempo. Porque a coisa que está sendo feita exige memória, usa o pensamento que sobra, força o pensamento, chama sua atenção. E embora nem sempre possua a consistência necessária para que seja gravada como memória permanente, enquanto está acontecendo requisita o corpo e a mente a fim emular-se, ao menos.
Mas não impede a latência do pensamento contrário.
O pensamento impresso na pele é quase hardware.
Nada impede latência alguma.
E pensamento é a latência da latência.
Aí então não bastaria fazer uma nova coisa somente, porque seria fazer uma coisa pensando em outra. Seria preciso fazer várias coisas cujo objetivo é dar um nó no pensamento. Travar. Obrigar a saturação. Forçar o reinicio. Já que não se pode formatar...
Pensar é essência, é o que os gregos chamavam “alma”.
Como no Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças - que por sinal achei um filme confuso e ruim, apesar da idéia ser boa - pensar em não pensar é provar por absurdo a própria impossibilidade. A única coisa que ainda deixou este filme em minha memória foi a possibilidade remota dele ter sido “planejado” pra ser ruim. Para que numa metamensagem fosse possível entender que esquecer não é o ideal. Nem mesmo num filme.
Assim, supondo que todas as pessoas “normais” controlem seus pensamentos e que todas as pessoas “loucas” não controlem seus atos, e sendo o pensamento a substância mais incontrolável do elemento humano, eu deduzo com toda liberdade da incautez, que somos todos loucos tentado parecer normais. Que a loucura é o que há de mais natural. E que pensar diferente é insensatez.
Talvez eu enlouqueça.
Não sou de fazer loucuras, me acho centrada demais. Pensante demais. Controlada demais.
E isso tudo quem olha de longe vê. Mas quem chega perto se confunde.
Porque não raro confio em alguém a ponto de mostrar as nuances, a analogia dos meus atos digitais. E em tendo acesso às minhas circunstâncias oscilantes demais, me perdem de vista.
Engraçado que seja justamente por causa destas turbulentas circunstâncias que me considere tão inflexível. Como um barco que apesar das tempestades não naufragou ainda.
Isso de “vou deixar a vida me levar, vou esquecer de mim...” não róla comigo. Talvez porque não exista esse “lugar qualquer que não exista o pensamento...”, enfim.
Me ensinaram que é possível ressignificar. E me parece ser a única saída para o pensamento, a lembrança, a memória. Mas que pra isso é preciso querer. Quando a coisa por si só não se altera ou quando a mudança desta não provoca qualquer mudança na percepção do indivíduo.
É isso, tudo que eu penso é que não quero. Eu nunca quis, eu não queria... Eu não posso querer, eu não quereria. Em todos os tempos, modos, pessoas...
Mas talvez eu queira um dia.
Talvez aconteça como a sobreposição do tempo é: natural.

Ou talvez a alma, como muitos acreditam, seja imortal.


Snow, sobre o que não tem explicação.

2 comentários:

Rafa(eu) disse...

Eu tb não quero... Acho q vai ser melhor pra mim.

Hilton disse...

O vida tem limite, conhecimento não.
Não é inteligente procurar o ilimitado através do limitado
Tao-te-King

Exceto dentro de certos limites.

Sacralizamos o pensamento. Demo-lhe o nome de alma. Depositamos sobre esse nome muitas responsabilidades. Nossas inquietações convergem para um mesmo fim, a tentativa de aniquila-las através do pensamento. Os questionamentos que a filosofia tem feito acerca do que convencionamos chamar de conhecimento desentronizaram essa ultima divindade, exceto para aqueles que dão pouca ou nenhuma atenção aos protestos dos céticos e nominalistas.
O pensamento tornou-se mais uma ferramenta moldada nos diversos embates entre o indivíduo e o mundo e o que colocaremos em seu lugar? Não sei. Prefiro testar diversas hipotéses mistico-estético-existencialistas e esperar para ver o que acontece.