quarta-feira, setembro 06, 2006

Ao calor deste pequeno raio (14/10/06)

Sinto que estou perdendo algumas de minhas propriedades.
Estou ficando e gostaria de estar saindo...
Na verdade em não devo estar aqui, nem nestas linhas, nem em mim. Tenho ido embora.
A minha vida tem sido um constante ir, em particípio e gerúndio.
Porque eu vou ou porquê a vida vai é o meu maior enigma e equacionar isso, o meu desafio utópico. Ainda não pude algoritimar.
Talvez por ser assim tão instantânea e analógica eu não consiga sempre legitimar minhas decisões frente a mim mesma ou submeter o momentâneo ao valor lógico. Mas reconheço que domar isso seria reconfigurar a minha essência – essa coisa acre-doce que, às vezes fere, outras alivia a minha alma... Estou intrínseca nessa vantagem e penalidade que é o sentir, o mergulhar, o ler nas entrelinhas, o ver além das águas (como tão gentilmente definiu o poeta Damário Dacruz sobre mim, quando tive o prazer de o conhecer - em breve narro isso aqui) e ver além das almas de onde elas brotam...
Há uma diferença gritante entre beijo e boca. Mas isso a gente só percebe quando quebra ( ou quando concerta). Sinto que estou quebrada.
É a matrix e a vida. E eu me perdi em algum ponto do sistema. Num ponto onde não sei se cabe tentar me reencontrar...
A vida é curta para ser vivida tentando resgatar coisas, rediscutir, retomar (embora seja bom se crer na existência das possibilidades), mas ela também é longa o bastante para nos permitirmos novas oportunidades.
O que me sustenta agora é este pequeno e frágil raio de sol que atravessa esta persiana e me encontra aqui de frente pra o meu mundo.
Ele me diz, mudo, que amanhã estará de volta e, que alguns dias são mesmo assim, frios e quebrados apesar da sua luz. E ainda me diz, surdo, que amanhã espera me encontrar melhor, que algumas coisas são mesmo corpo onde se quer alma e essa transitoriedade depende apenas do nosso jeito de sentir.
Me diz, cego, que amanhã terá esquecido as lagrimas que agora me embaçam de vê-lo, sem jamais esquecer-se do valor delas.
Me diz, ainda, que há outras , muitas outras formas de sentir e que não existe alguém que esteja totalmente quebrado quanto a isso e que, se existir esse alguém, ele, pessoalmente, se encarregará de o aquecer.
É pra você, meu doce raio alegre, que dedico essas linhas e vou quebrando o mormaço desse dia. È pra você o sorriso tímido que agora começa em mim que, assim mesmo, desencantada, te encontrei.
BOM DIA SOL!!!

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