A última grosseria não foi menor que as outras tantas.
O último dos olhares de raiva doeu mais que os outros milhares.
Da última vez em que pensei em ir embora compreendi muitas das outras tentativas.
As últimas gotas secas eram quentes demais pra minha face.
O último abraço talvez, do último pedido de desculpas, quase precedeu o último beijo.
Este último, por não ter vindo, solidificou o momento último.
Ultimamente, muita coisa mudou.
A última carta de amor, por exemplo, não será escrita.
Em seu lugar vai este post. Mecânico, plástico, frio.
- A tecnologia permitiu mais esse adeus virtual.
Sem a marca das lágrimas, apenas aqui deduzidas.
Cicatrizes.
Reação do corpo às últimas feridas.
O último sorriso será para esta tela, quando, enfim, puder ver sobre ela o último byte sobre isto aqui escrito.
Estarei, certamente, longe.
Bem longe de ter me arrependido.
Partir Andar 
Composição: Zélia Duncan/Herbert Vianna 
 
Partir andar, eis que chega 
Essa velha hora tão sonhada 
Nas noites de velas acesas 
No clarear da madrugada 
Só uma estrela anunciando o fim 
Sobre o mar sobre a calçada 
E nada mais me prende aqui 
Dinheiros, grades ou palavras 
Partir Andar, Eis que chega 
Não há como deter a alvorada 
Pra dizer, um bilhete sobre a mesa 
Para se mandar, o pé na estrada 
Tantas mentiras e no fim 
Faltava sempre uma palavra 
Faltava quase sempre um sim 
Agora já não falta nada 
Eu não quis, te fazer infeliz 
Não quis.... Por tanto não querer, talvez fiz... 
Partir andar, eis que chega 
Essa velha hora tão sonhada 
Nas noites de velas acesas 
No clarear da madrugada 
Só uma estrela anunciando o fim 
Sobre o mar sobre a calçada 
E nada mais te prende aqui 
Agora já não falta nada... 
Não falta nada... 

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