De como se elucida um relacionamento moderno
Primeiro é um precedente aberto a gosto e a contra-gosto por pura comodidade.
Depois, um desrespeito sem a mínima intenção de ser mal interpretado.
Aí vêem as justificativas que vão sendo dadas, as satisfações que vão sendo tomadas, as personagens, as farsas que ficam entre as que podem e as que não podem ser reveladas.
E é um fechar de olhos aqui pra não ver um algo lá, um desapercebido ali pra não dar o que falar... e um tal de não-disse-que-me-disse, um tal de disse-que-não-me-disse, de não-disse-que-não-disse, um tal de deixa pra lá e de deixa estar que misturam mal estar e bem estar. Tanto faz ir quanto ficar...
Até que a relação se rompe!
Inicialmente com luvas de pelica.
Depois com alguma forçação de barra e, por fim a golpes de machado.
Pronto! Eis aí um relacionamento aberto. Agora é só provar!
Chegar tarde, não dizer pra onde vai, não voltar.
Desmarcar, não ir, estar mas não estar, faltar e nem avisar.
Ser grosseiro, desrespeitoso, egoísta, alheio, descuidar...
Já nessa fase tudo é permitido. Desde um não querer a outro não sentir prazer.
Tudo dá pra rolar. Desde uma conversa ofensiva, uma tentativa de humilhar, à busca de respostas em outras situações, outros braços, outro lugar.
Se o outro percebe ou não, não fará diferença se não der pra notar.
O ciúme fica mais intenso, mas de tão emocional, já não tem argumentos.
A dor, por sua vez, de tão descentralizada, já nem dói mais.
As lágrimas vêem, mas não molham o rosto.
A realidade fica distorcida através do olhar.
Não se fala mais em confiança.
Os apelidos carinhosos dão lugar a nomes próprios pronunciados com algum custar em todas as suas letras.
A doçura sede espaço para a aspereza.
Coisas simples tomam o lugar de um abraço: o travesseiro, o mouse, o celular...
A essa altura ninguém fala mais em terminar.
Terminar o quê?
Pra quê?
Com o quê?
De que forma?
Quantos casais não sonham por aí com essa tão idealizada liberdade...?
Eis um mundo novo. Uma relação sem travas, sem amarras, com todas as permissões... E é, simplesmente, o que há!
Enquanto isso, há muitos e muitos tempos num reino distante, um pequeno anfíbio espera pela dama que lhe irá beijar.
Snow, cozida a vapor.
3 comentários:
"Seria amar esperar o beijo da princesa? Ou conviver com sua sapa verruguenta.. no brejo cheio de sapinhos, sapões, crocodilos, cobras, pássaros, pedras, joaninhas.."
- Clarice
- 14/04/2006 19:27:05
"Vc deu duas hipóteses, Clarice. Deve existir pelo menos mais uma, um meio termo, demostravel graficamente... Mas eu ainda prefiro um quarta dimensão. Bjs"
- Snow
- 18/04/2006 17:15:32
"Eis uma idéia boa, concebida por falta de opção... e executada com má vontade. Melhor o Brejo!"
- 8l4ck
- 27/04/2006 12:44:31
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