sábado, março 31, 2007

Algemas

Nada nem ninguém acredita estar mais liberta q a ilegitimidade.
Ela não tem receios, vergonha, entende?
Envolta em sua máscara pode andar por aí, expôr-se, desfilar sorrateira e evidente como se ninguém a percebesse.
Ela olha pela janela, ergue a cabeça, cumprimenta conhecidos, sorri... Como se fosse dela, sabe? Como se pudesse, tivesse todo o direito de estar ali.
A ilegitimidade de certa forma sabe do perigo q corre. Mas é preciso mostrar q está disposta a enfrentar.
No fundo ela não gosta muito dessa sua condição e não a escolheria se, de certa forma, não tivesse 'ido parar' por lá.
Ela sorri confiante, mas tem medo.
E olha a legalidade com despeito.
Raiva onde pretendia sentir desprezo.
Indiferença é o nome q ela dá forçosamente ao tremor q lhe vem ao peito.
Fugitiva, sabe q não se pode demorar e vangloria-se das esquivas... cada vez mais sofisticadas!
Ela ri das pistas q deixa, sair e entrar sem ser notada...
E faz desse jogo de mostrar/esconder-se sua sobrevivência.

A ilegitimidade sente um frio bastardo pela manhã
E no fundo gostaria mesmo era que alguém, alguma autoridade
Na forma da lei, a enquadrasse.

E a prendesse.


Snow, sobre folhas q se desprendem da árvore e vão por onde sopra o vento sem se perceberem secas.
Sobre o acaso, a aleatoriedade e coisas outras.
Sob influências de Cassiano à luz de Foucault
E uma certa escuridão por ainda ser março...
Uma escuridão às luzes acesas.

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