segunda-feira, novembro 03, 2008

Busca

Sobre a pauta branca rabisca o que arriscaria ser a solidão
Às duas da manhã de um dia morno
E mais uma despedida.
Mexe na gaveta, rasga um papel impresso, dá adeus a outro sonho
E o sono não vem ainda.
Conhece de perto essas noites de silêncio
Sabe de cór o cheiro dos muitos perfumes das suas loções, cremes e produtos de beleza espalhados pela penteadeira...
Nada se move a não ser ela mesma
E agora esta caneta.
Houvesse amor, faria sentido
Mas nem isso.
Só uma tentativa frouxa e sem direção de poema
Tal qual os seus pensamentos...
O coração bem que podia parar agora, sem emoções maiores
Ou os olhos se fecharem num sono profundo pra acordar outro dia, quase sem seqüelas.
Mas secretamente ele bate
E sem que ninguém veja, permanecem abertos.
A ausência enche cada cômodo e impregna cada utensílio, cada fresta, cada objeto vermelho
Enquanto a falta enche os pulmões e a atmosfera
E o gosto do nada impera.
Pra enganar o relógio relê papéis amarelados, revê cadernos, folheia velhas agendas
Encontra uma foto perdida, junta às outras, reencaderna.
Procura por um poema do passado, uma carta de amor não lida, o esboço para uma tela
Talvez, dentro de outras folhas soltas, haja algo que não mais se lembra
Com um projeto não cumprido, um sonho que já tivera
Quem dera encontrasse asas ou quem sabe raízes!
Já que não se reconhece nos papéis recentes...

E em meio a antigos escritos, procura por ela.


SnowFlake

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