terça-feira, dezembro 09, 2008

Adentrismo

Quando a gente passa a ter um cachorro não há mais como não alimentá-lo. Ou lhe damos comida sempre ou ele nos devora.
Desconfio que em nossa alma more também um cachorro que, independente do comportamento, da raça ou do grau de adestramento, sente fome. E avança se lhes tiramos o osso. E obedece se chamado pelo nome.
Se o cachorro da alma é tratado de forma irregular porém, ora com afagos, ora com hostilidade, temos aí um caso típico de desamparo aprendido. O cachorro aprende que qualquer que seja o seu comportamento, pode lhe sobrevir recompensa ou castigo.
Nesse caso, o nosso maior erro é não compreendermos isto. Porque, ao invés de como pensamos, a agressividade devesse ser paga com hostilidade e o contrário, reciprocamente com afagos, o cachorro de nossas almas tanto poderá abaixar as orelhas para um grito, quanto mostrar os dentes em resposta a um carinho.
Esse animal que, imagino, já deva vir com nossa alma, serve para que lembremos que o espírito não admite ser machucado pelo corpo em que habita.
Assim, o cãozinho dócil que protege a casa onde minha almazinha reside é espirituoso.

E embora eu nunca saiba se será com choro, gracejo ou rosnado, ele, se maltratado, revida.


SnowFlake

P.S.
Como o texto anterior ficou muito impessoal e eu não sou assim tão infinitiva, veio este adendo.

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