sábado, dezembro 06, 2008

Diversão e Arte

Alguma coisa no ato de comer me desmotiva.
Não sei se o sabor ou o meu despreparo ao preparar a comida, não sei.
Só sei que sinto uma fome ensandecida.
E vontade de comer zero.
Salvo algumas vezes em que como desesperadamente e chego até ficar otimista. Mas aí, logo canso. Do gosto, do cheiro... nada me dá mais prazer e sei que não pode ser sadio.
Morro de inveja dos devoradores de pratos. Desses que não deixam passar nada, matam e morrem por comida e depois ainda ficam com água na boca, um gostinho de "quero mais"... e repetem!
Sei que Freud explicaria num piscar de olhos. Mas prefiro Pavlov com seu cãozinho que salivava só de pensar...
Odeio ser tão magrinha, odeio! Embora os outros gostem... Não posso negar que quanto a isto ao menos sou mais feliz que as que odeiam ser tão gordinhas já que, depois de adulta, ouvi raríssimas criticas à minha forma esguia.
Ontem mesmo um cidadão me chamou de “mulheródromo”! Não olhei pra cara do cabra, acho até que inventou na hora esta palavra. Mas depois de alguns passos soletrando vi que esse era candidato a um dos maiores elogios que já recebi em matéria de polissílabo! Rs
Pensei depois que o fato de ouvir mais elogios que criticas de certa forma me incentivam pois não me acham tão mal por ser tão magra. Reforço. Pra mim, uma desgraça.
Só por isso sei que não sou anorexica. Mas por outro lado esse “só por isso” em nada me agrada.
Desde a infância tive o sonho de não ser tão magrela. Com o estirão da adolescência, então... vieram mais infinitos motivos: “magricela”, “vara-pau”, “seriema”, “papa-vento”... Lembro nitidamente que o menino que me colocou este último uns dias depois me pediu pra namorar. Era um moreno cor de canela com dois olhões verdes hipnotizastes que até hoje ainda consta da lista dos + + + do bairro... Mas eu não consegui perdoar.
Ao longo do tempo anotei algumas “simpatias populares” pra mudar esse meu quadro:
• Comer 3 bananas por dia.
• Comer farinha, muita farinha, encher o parto de farinha.
• Comer aipim, batata-doce, fruta-pão e inhame.
• Comer feijão antes de dormir.
• Comer doces e frituras.
• Comer coisas com alto teor calórico.
• Tomar muito refrigerante depois de comer.
• Comer salgado, depois comer doce.
• Comer rápido.
• Comer seis vezes pro dia.
É incrível como essas magias são mesmo bastante eficazes, mas... quem vai colocar o guizo no pescoço da gatinha?
Não tem aí nada que engorde que não seja preciso comer, não?
Ah, tem sim!
• Anticoncepcional.
• Deca, Megamass, Sustagem, Cobavital.
• Postafen e Buclina com Rarical.
Tomei doses cavalares. Overdosei e nada.
Falta tentar silicone... Mas não estou bem certa se terei cabeça pra ter corpo da noite pro dia. Prefiro pensar que será gradual, quase como se Deus assim tivesse feito. Ai, ai...
Aliás, tem um jeito! Há uma coisa que faz engordar sem comer. – Mas nesse caso teria que ser sem contraceptivos. – E eu não gosto de dar razão a Freud, sou behaviorista.
No Piauí tive a oportunidade de comer tatu. Legal mesmo tatu. Difícil é criar... e aí tem sempre um piauiense pra explicar que tem que fazer uma piscina, cimentar bem o chão, encher de terra e só depois colocar o tatu. Também lembram que é proibido caçar tatu. E criar, só com autorização do IBAMA. Mas se eles souberem que é pra comer, não autorizam.
Pensar em comer me tira a fome. Mesmo uma coisa gostosa como tatu, sabe? E eu vi os gominhos dele...
Até os vegetais! E mesmo os produtos industrializados como biscoito... ainda que de chocolate, aquela coisa boa que muita gente adora... Fico pensando no suor dos homens derramado... – e isso tem vários sentidos.
Já me vi muitas vezes pensando sob o ponto de vista do alimento. Ninguém merece virar, ah você sabe! Nem vegetais, nem carne, nem peixe e nem galinha.
Preciso de um divã!
Falando nisto, meu terapeuta anda muito ocupado com a tese dele de mestrado.

E eu se tivesse uns quilinhos a mais – não demais, um pouco mais – certamente já estaria mais bem resolvida.


Snow, slim. Pensando bem, quase de plasma.
Agosto de 2008.

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