Estou neste momento me perguntando se esta imperativa tecnologia recém chegada me deixará pelos próximos dias fazer alguma coisa que não seja fazer apenas tudo o que eu não fiz a vida inteira?
Não, a vida inteira é exagero. Mas uns 13 anos é a minha conta desde que desejei ver um pouco mais de perto tudo isto do que ainda hoje não entendo quase nada.
São seis da manhã e eu não pude fazer outra coisa desde ontem à noite... hipnotizada, enfeitiçada. Diria, terrivelmente amaldiçoada como um viciado. E já estou me perguntando se haverá mesmo uma cura – o que a esta altura, já tenho dúvidas.
Pode até haver, mas por hora vou baixar todos os pequenos arquivos que armazenei em e-mails e vou ler todos os que não foram ainda lidos e vou transformar tudo o que for de caractere em byte. E quando tudo o que hover pra fazer esgotar, porque tudo o que é infinito satura, então eu desde já tenho medo que, dependente, não saiba mais o que fazer a não ser ser... on line.
Desliguei agora à pouco porque já implorava o corpo, mas a ansiedade não quer deixar dormir, nem comer – claro, comigo o verbo comer é o primeiro que vai pro espaço – logo as outras funções vitais ficam todas debilitadas até que o corpo obriga a parar. Mas deitada, sinto que sou uma extensão dos pulsos elétricos. Como quando a gente chega de uma viagem de barco. Vejo que não é à toa a expressão “navegar” ter se adaptado tão bem a este universo. Confesso que estou meio tonta.
Olhei agora à pouco pra o Nietzsche em cima da cabeceira, meu velho companheiro nestas últimas noites antes do sono, estava quase terminando... Senti pena dele. Quando será novamente que terei a paz de ler em papel aonde a figura não está ao alcance de um clique? Nisso o Nietzsche ainda tá na frente dos 4 últimos que comprei. Meu Deus o que será do Garcia Márquez? Pobre Neruda sem hiperlynks... Será que ficarão todos na cabeceira observando impassíveis o piscar das janelas através da minha íris...? Ou será que serão recolhidos ao armário pra liberar espaço pros hardwares...?
Agora sinto um pouco de culpa e pena dos artesanatos que tava fazendo faz pouco tempo e que já quase escrevi que “fazia”... Quando será que terminarei aquelas florzinhas...? Pelo desenrolar dos acontecimentos, parece que só depois do último backup.
Como uma criança que ganhou um brinquedo complexo, quero entender como funciona e isso exigirá a remoção de algumas peças... - É claro que não farei isto, também por causa da garantia, etc. - Mas a sensação de curiosidade, deslumbramento e receio são idênticas.
Acabei de me dar conta que este talvez seja o último post em folha de papel que escrevo. Porque em breve a tecnologia dos RSSs chegarão pela rede, em fonte padrão, quase no automático.
Não sei, não sei mesmo. Estou com muito medo desse negócio de gerenciar tarefas, instalar aplicativos e administrar.
Mas já botei a máquina em stand by e já agendei as próximas atualizações pra mais tarde. E agora estou com muito sono...
Preciso reiniciar.
Snow, virtual.
quinta-feira, dezembro 25, 2008
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Um comentário:
O importante nessa fase é lembrar de respirar. Vc pode acreditar q não, mas eu estou convencido q um dia passa, só não sei dizer quanto tempo isso leva. Chega o dia que vc chega, liga, abre o e-mail, o blog e se contenta, e tem vontade de voltar para o Nietzsche, o Garcia Márquez, ou o Neruda. Ou então vc fica olhando para o ecrã esperando uma janelinha do msn q teima em não pipocar... mas esse é o meu vício... melhor ir para o meu Freitas, de Paula, Madeira, Verdi.
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