quarta-feira, março 11, 2009

Efeitos

O ruim de assistir a filmes antigos é que, se já é difícil conversar com alguém que assistiu ao mesmo filme qualquer que seja, se torna então mais raro encontrar quem tenha visto um que passou na tv há muito tempo. Caso esse ser seja encontrado, mas difícil ainda será se lembrar de alguma ideia ou impressão que este lhe tenha causado para que a conversa pareça mesmo uma conversa.
Mas há alguns filmes que desejei por anos assistir e que agora reclamam com certo egocentrismo a sua vez em minha vida. Alguns, com toda razão. Então lhes concedo o prazer de me provocar as emoções que nem sei se antes seriam as mesmas.
Deitada aqui em minha cama, sozinha, sem frio ou calor, banhada apenas pela luz da tela, as emoções podem ser hoje como não seriam jamais nos tempos dos furtivos flash de madrugada, enquanto todos dormiam, sem áudio pra não chamar àtenção a ponto de ser convidada a desligar e ir dormir, adivinhando os sons ou observando as legendas na tela... Essa era a maneira mais adequada que encontrava de assistir a um filme no início da adolescência...
Fora isto, mesmo a sessão da tarde me constrangia a ir beber água ou ir ao banheiro, fosse nas inevitáveis cenas mais calientes ou nos encontros de natureza humana capazes emocionar. Já que, por algum dos muitos motivos de família, não me emocionava em família. Ainda que para tanto fosse preciso evitar qualquer contato com a emoção ou repeli-la diante da eminência.
De dentro dessa subjetividade, meus olhinhos optaram por não assistir mais filmes até que fosse possível, se um dia pudesse.
Quando tomei essa decisão jamais imaginava que haveria algum tempo onde se pudesse ter quase que qualquer coisa exibida no cinema ou na tv num arquivo ao alcance de um clique. Pois é...
Assisti Tomates Verdes Fritos.
E Ao Mestre com Carinho.
Nove e meia semanas de amor.
O Xangô de Backstreet.
O Fabuloso Destino de Amelie Poulain...
O Céu de Suely.

***

Assisti Crepúsculo essa madrugada.
Depois de quase 3 meses tentando vencer o medo de ver sozinha.
Foi bom. Quer dizer, podia ter sido melhor, apesar de que ainda nem acabou.
É... A versão que peguei tenho desde a primeira semana de estréia, dublada. O som não tá legal. Demorou um tempo até que entendesse que poderia baixar uma legenda. Demorou mais ainda até aprender a fazê-la funcionar. Depois tive que usar os conhecimentos desse meio tempo aprendendo a usar o subrip - um programa cuja função é transformar formatos e editar legendas, mas que só uso mesmo pra sincronizar - quando quem ripou o filme não é a mesma pessoa que juntou com a legenda, essas assincronias. Bom, gostaria de ter certeza de que não estou falando muita besteira, mas no momento, não é possível. É tudo novidade ainda.
Quase no final do filme a legenda atrasou novamente e como a esta altura eu já tinha entendido que não havia nada que pudesse temer, só parei de tentar resolver quando o tempo do número de tentativas excedeu ao tempo que faltava pro filme acabar...
(E também, por já estar amanhecendo, achei que seria um certo desrespeito ao filme se o permitisse acabar em plena luz do dia.).
O filme é bom. Eu achei bom. Fazia tempo que tava querendo ver um romancezinho adolescente que ainda conservasse o encanto dos sonhos adolescentes... E este está cheio disso. Lindo. Às vezes os próprios personagens duvidam que possa haver tal realidade. Um mundo à parte. E eu me sinto evasiva e cheia de pensamentos incontinentes como há uns 15 anos atrás...
Não queria estar falando de filmes em públco. Não tô pronta pra fazer crítica em nenhum sentido e, sinceramente, sinto falta do tempo em que meu blog era menos frequentado. (Que por favor não se ofendam os desavisados, eu não quis ser tão sincera. Mas a verdade é que me sentia um pouco mais segura, antes.).
Eu tenho medo do Google. Medo de que algum desconhecido digite lá a palavra crepúsculo e tropece em coisas que não são o que ele procura. Por sorte o nome do filme é bastante comum em nossa língua, mas de certo não me arriscaria a escrever tantas vezes a expressão “Slumdog Millionaire”.
No mais, vou repetir porque é importante pra mim, o filme não assusta. Medo eu senti foi de Amarelo Manga! Rs. Quase não durmo.
Não me arrependo de não ter ido ver no cinema porque o achei assim, bonito. E cinema é frio, distante, às vezes barulhento, por demais escuro... (Ou pelo menos é assim que o imagino sem companhia). E coisas bonitas eu gosto de ver em outra situação climática.
É verdade que neste momento os meus cotovelos doem bastante. É um tipo de efeito colateral desse modelo de comunicação que vem dormindo comigo. E tem outros efeitos mais. Dia desses adormeci segurando o modem. Acodei com os dedinhos vermelhos, a mão queimada. Não chega a ser um incêncio e tal, mas esquenta bastante as minhas noites e, mesmo tendo certeza que não gosto de ventilador, às vezes, é necessário.
Queria ter visto o final...
Como no início ela começa falando que apesar de não pensar sobre a morte, acredita que uma bela forma de morrer seja morrer por alguém a quem se ame, não faço idéia se irão poupá-la. Sei que personagens são coisas em que a gente não deve se apegar. Porque tudo pode acontecer a eles - mesmo o que não nos acontece há tempos.
Hoje à tarde irei baixar uma legenda nova ou continuar a tentativa de concertar esta, ao menos só pra ver. Depois vou começar a baixar uma versão mais limpa pra gravar na mídia. Preciso arquivar algumas coisas, limpar, liberar uns 80 gigas.
Eu queria muito que os dia passassem depressa. Estou um pouco sem paciência, ansiosa, intranquila.
Semana passada meu sobrinho me confessou que queria que já fosse dia.
“Eu não gosto muito de dormir, titia.”
É verdade... Oito anos, eu pensei, é muito diferente de trinta.
Não tive a mesma coragem e não lhe contei que queria mesmo era que não amanhecesse por uns longos dias.

Queria ter mais tempo pra planejar minha vida.


Snow, sobre peles e películas.

3 comentários:

Anônimo disse...

qdo minha vida mudou eu passei a gostar de filmes. em várias das vezes em q estive em salvador fui ao cinema. e me renova, fico otimista, cheio de idéias, independente do filme. acho q é pq dali de dentro não dá pra resolver nenhum dos meus problemas. hj, nos meus momentos de reclusão, assisto filmes, shows, e leio (é, voltei a ler. de leve...). qdo saio de carro, ouço pagode.

Ilmaralina disse...

ô minha amiga, que lindinho! Amei e me identifiquei muitão, viu? Filmes são janelas que me conduzem a uma outra dimensão...a da possibilidade de ser, sem limitações.
Assisti a Crepusculo no cinema. Clara é fã de carteirinha. Amei. Bjo!

Felipe Rosa disse...

Teve uma época que eu vivia assim. Mas não sei o que aconteceu... Acho que uma daquelas continuações que não tem muito a ver com o enredo inicial...