quarta-feira, março 25, 2009

Ela...

É bom sentir-se bem... É bom demais, sabe?
O problema de estar bem é que a escrita fica desacreditada, desfigurada, sem rumo... por vezes, sem palavras.
O bom é muitas vezes bobo. Sem próposito, sem intenção, sem parada. O bom é quando não se sabe quando é que acaba. (Porque é ruim demais quando o bom tem hora e data marcada.)
Bom é mudar alguma coisa do lugar, mudar o lugar das coisas, ver as coisas boas seguirem seu rumo no mesmo lugar, sempre pra frente... Bom é progredir, ver que algumas coisas não são mais da maneira que eram, que algumas estão mudando, que outras de certa forma já mudaram.
É bom até quando não se está contente com o bom, só porque é certo que melhora.
E vai tudo melhorar com o tempo...
Isso inquietava, sabe?
Queria mesmo algo que quanto mais o tempo passasse melhor ficasse. O tempo angustiava desde os tempos de menina. (Os mais jovens têm realmente essa inquietude quanto aos seus rumos, seus destinos, seus aprendizados.). Nisso, os mais velhos têm calma.
É bom comer uma fruta boa...
Um cestinha de jambo, uma manga madura, abacate ao leite, uva sem caroço, um cacho...
Bom maquiar com calma, o cheiro bom de cosmético, o perfume bom, importado...
Bom andar descalça pela casa depois de um dia sobre o salto. Um banho de chuveiro quente, oléo de banho, a tolha felpuda, cama macia e uma noite inteira para ser descansada...
Comprou um hidratante novo, um ultra-hidratante em forma de pomada. E este realmente faz mais do que promete, nossa! Ele escorrega pela pele, ela absorve, ele perfuma, ela desliza, ele amacia, ela hidrata, ele entra! Ui! Se ela não tiver cuidado, ele trata!
Às vezes tá tudo tão bom que, sinceramente, não precisaria mexer em mais nada.
Mas frequentemente a alma tem saído voando pela janela do quarto... Porque recentemente tem descoberto que muito do que é bom é possível, é palpável... por vezes, inevitável.
Assim, o que foi bom ontem pode ser incrementado. O que foi bom instantes atrás pode ser repetido, e com sabor realçado.
Mais aí fica tudo tão bom, tão massa, tão extremamente agradável, que não se sabe porquê a almazinha assustada deixa o corpo e sai com tudo, como se escorraçada.
O corpo então em riste fica agonizando vazio, tremendo murcho, abraçando o travesseiro, puxando o lençol em transe, o peito arfando, os lábios apertados, as mãos comprimindo a vida, os braços que se auto-agarram, flagelados...
E é nessas horas que chora...
Desesperada.

Deve ser porque tudo o que é bom mesmo nessa vida fica bem melhor se está acompanhada. E só é bom mesmo, de verdade, aquilo que tem alma.


Snow, amêndoas, colágeno, mel, almíscar, música, geléia, vinho, ventinho bom, luz fraca... e lágrimas.

Um comentário:

Ilmaralina disse...

Despir-se assim do que se sente com palavras é coisa rara...amei!