quarta-feira, setembro 06, 2006

Amor novo (25/10/04)

Tinha esquecido o quanto os caminhos aqui são bonitos na primavera.
Eu, que olho mais pro chão que pro horizonte, percebi hoje as florzinhas lilases, amarelas, alaranjadas, vermelhas... A árvore em frente à Biblioteca é um imenso bouquet cor-de-rosa poesy, lindo cenário pra um romance noir.
A sala de xadrez da Biblioteca, com seus acentos disputados, onde o jogo e as estratégias transcendem os tabuleiros, é mais mística que o perfume que se sente por lá.
A sala de tv, o tapete, o chão... os corpos desconhecidos, ainda meio adolescentes, se tocando numa emoção quase de cinema, tentando ficar à vontade... coisa que não se tem mais tempo de fazer por aqui.
A Senzala, lugar mágico, com suas esteiras e gramas, seus freqüentadores e freqüentes fugitivos das pressões das salas de aula e da batalha cruel travada contra o tempo e contra-tempos por conceitos, ficam assim despojados como gatos e cachorros ao léu... A Senzala é quase o céu.
O pôr-do-sol no Módulo VII que,não há espetáculo igual no planeta, colore com seus raios lilases, amarelos, abóboras, vermelhos, os horizontes dos que se sentam para o apreciar...
A piscina, o Parque Esportivo, o luar... Cantinas lotadas de pessoas que assistem a comerciais enquanto esperam um suco e procuram por olhares líquidos, com o comum tempo escasso...
O restante dos caçadores de relíquias estão povoando as salas de bate-papo com nicks Universitários, UEFSitários, Solitários... É, o mundo anda meio complicado mesmo.
Eis um exemplo em que a oferta dificulta a procura.
Aqui tem de tudo em abundancia. É difícil escolher, ser chamado à tensão por algo, se afeiçoar, chegar, manter... não há mais tempo. Não parece mais ser o momento. A ternura se perdeu em algum lugar do ginásio ou do segundo grau. Esse terceiro aqui é como uma queimadura profunda que atinge os tecidos mais internos...
Apesar dos lugares, dos passarinhos, das flores, não está completo.
Ao menos pra mim, ao menos pra muitos que ainda se buscam, que ainda querem se descobrir encantados... falta algo.
Onde está você agora?
Queria acordar desse sono contigo e ver pouca diferença entre viver e sonhar.
Se tiver um tempinho, apareça.

Um beijinho,

Snow

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