domingo, janeiro 28, 2007

De idade

Curiosamente os mais velhos - e é provável q, apenas os nordestinos - têm o costume de tratar outros mais velhos de "dona", "seu", o q é, dos comportamentos típicos à referida idade e localidade, um dos q mais e parece filosófico.
É sabido - e o q vou dizer agora já deve ter sido objeto de pesquisas mais sérias, além do próprio empirismo - q os seres humanos, excetuando-se os distúrbios de personalidade, tratam os outros como gostariam de ser tratados.
É engraçado, bastante engraçado ver meu primo, doze anos, se referir ao coleguinha e a si próprio como "o cara", enquanto q as mocinhas púberes da mesma faixa etária ainda demorarão muito usando os termos "menino/menina". Eis um parágrafo q não serve a pesquisa alguma por estar por demais impregnado de cultura local. Mas resguardadas as especificidades ainda cái no genérico de como eles se vêm de acordo com o espelho q têm.
E qnt a isto, minha antropologia, q se reduz à primeira metade de uma disciplina de segundo semestre e mais algumas vivências aleatórias, não me permite versar mais sobre a vida selvagem. Destas aleatórias, advém o aprendizado pessoal de q é tb na adolescência q chega pra gente (ressalvados tb aqui os q vão aprendendo a reprimir) o comportamento típico de pelo poder da palavra testar o podre poder de destruir os "semelhantes"... (e chega de ressalvas, pelas quais tudo q é válido se convalida!) rs
Talvez resquícios do nosso instinto destrutivo ainda não totalmente extinto através da evolução.
E leva um tempo até esses impulsos serem dissociados ou diluídos da nossa personalidade... Aí de repente adultos, olhamos pra trás e vemos o qnt tudo passou rápido...
Passa o tempo, permanece o aprendizado.
Chegamos mais tarde cônscios do poder esmagador de nossas ostensivas palavras, e isso nos acarreta uma certa piedade dos pobres coitados desavisados do quão ruim para eles pode ser ousar desafiar-nos... rs. Mais velhos têm dessas.
E alguns contam ainda com a força do braço bem mais dimensionada q nos tempos de teste - de certa forma sabem até onde iriam numa briga com turbinados.
É nessa fase, plenos de suas mudanças interiores e das fases pelas quais passaram, q eles, de forma harmônica e natural, se aquietam.
O tempo passou mais uma vez.
Não há competições, ou pelo menos não se mostram mais do jeito q eram vistas ou ainda, internalizadas foram às regras. A vida muda, a boca emudece.
Vêm os ascendentes e as gerações se sucedem.
O corpo pede calma.
As pernas obedecem ao chamado compulsório do cansaço, da cadeira, da cama.
Olhar pra trás é ver q a vida passou tão veloz e devastadoramente q só restou mesmo aquele ator/atriz de todo o cenário.
E enquanto eu penso nisto, meu vizinho chama à porta:
"Cadê dona menina?"
"Tô aqui seu menino!" - ela responde do quarto.
Ele viera trazer a terra q ela pediu para o plantar o pézinho de mandacaru q trouxera da última viagem.
Minha avó recebe, agradece, faz seu plantio doméstico e volta ao descanso de adormecer seu sono infantil e leve.
E eu fico aqui escrevendo... pensando q ser escritora foi uma possibilidade q já ficou em outra fase.


Snow, q como filósofa passaria fome.

Nenhum comentário: