quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Grito de Carnaval

"Daqui do alto, eu te vejo... Eu-Te-Vejo!"
Vi Bel do Chiclete pela primeira vez "de perto". Essa parte foi estranhamente engraçada.
Em especial pq observei um momento em q ele parou de cantar no refrão de uma dessas batidonas aqui q todo mundo sabe de cór e salteada tipo "cara, caramba, cara, caraô" e parou pra galera continuar e... nada! Chamou, fez menção de q ia e não foi, e o som q se ouvia era muito baixo. Ai ele baixou a cabeça, meio negativamente, e emendou um sorriso - se é q se pode dizer, a essa altura, q ele sorri, já q não há outra expressão facial q lhe caiba - e continuou a cantar, desta vez, sem interrupções.
Rs
Terá sido pq a galera q tava no bloco, ainda meio vazio, às 2:00h da tarde do domingo, não era da Bahia? Melhor, será q foi pq a galera q tava no bloco, em sua maioria, não sabia falar português? ...É galera, abadá do chicletão tá caro.
A gente longe do trio, esmagada entre os camarotes e os cordeiros - a galera q segura a corda q separa o bloco do outros, explicação para os não baianos eventuais leitores -, até tentou a dar uma ajudinha gritando o refão pro cara não ficar muito no ar, mas parece q não adiantou tanto.
Na hora, deu-me a impressão q, se o preço continuar desse jeito, futuramente será melhor contratarem um tradutor simultaneo pros foliões. Mais do q justo, tão pagando. rs
Outra solução é Bel aprender a cantar em inglês: Yes, we have axé!

Snow, and every body sing now!

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Carro chefe

É verdade, tem-se q tomar muita água.
Mas muita mesmo.
(Tomei uns 3 litros e tô com a garganta seca até agora! - foi escrito na terça.)
É melhor ir de short. (Mas é bem melhor ir de saia q não ir pq não tem short.)
E é indispensável um tênis confortável. JAMAIS, sandálias!
Repito con-for-tá-vel. É o mínimo pra curtir ao máximo.
No mais nada de sacolas. Carteira, nunca. $, só o trocado. Celular, só se for estritamente necessário... E eu vi vários achados e perdidos lá. Brinde.
É bom saber alguns refrões, mas é tudo muito fácil: "vc não vale nada mas eu gosto de vc", "quebraê, quebraê", "chicleteiro eu, clicleteira ela", "CA-CHA-ÇA!". Tudo bem light. Ah, e uns dois ou três passos... "zum, zum, zum, zum zumbaba (ai bate palma)! Zumbaba (outra vez)! Zumba-ba (mais forte)! Depois repete.
Alegria é indispensável.
E melhor não ficar muito parado lá e tal.
Até pq, se ficar paradão, vem alguém e te bate.

Snow, três dias depois, contando os hematomas e as bolhas e as pernas assadas... rs.

Da iniciação

Serviu pra quebrar alguns mitos.
(Alguns, pra mim, impressos com a força da mandíbulas dos terríveis monstros marinhos q soltavam fogo por narinas gigantescas.)
Posso dizer com certeza q não é tão bom qnt dizem os turistas.
Nem tão ruim como apregoam certas seitas.
Nem tão "lacrativo" como julgam os gays. E lacrativo quer dizer "o máximo!!!".
Nem tão infernalmente temível e frustrantemente tenebroso qnt as pragas q minha avó seria capaz de rogar se elas ainda tivessem o efeito funesto de me coibir.
Nem é tão incogitável como maquearam alguns q já foram e não gostaram ou q "deixaram de gostar".
Agora q eu vejo o q é com os olhos da carne, por paradoxal q pareça, meu espírito está calmo.
E passemos aos outros quesitos!


Snow, batizada.

Melhores Momentos

Não foi do jeito q eu sonhei.
Ah, eu queria com estrelinhas, gliter, lantejoulas, tatuagem de maçã mordida no rosto feita com areia prateada... confetes, serpentina, mamãe-sacode, unhas cada uma de uma cor, colares de havaiana, trancinhas cheias de fitas, espuma, máscara...
Meu sonho envelheceu no tempo pelo menos uns vinte anos.
Quando pisei na avenida pela primeira vez, me dei conta q já não podia mais me vestir de bailarina ou de índia, nem de fada ou mulher maravilha.
Com algum $ eu até podia entrar num bloco e ganhar o direito de vestir a "farda" q se tornaram a maioria dos abadás dos blocos da Bahia.
Foi-se a idéia de fantasia.

Sei q tinha muita gente por todos os lados.
E q era impossível prestar atenção a todos os detalhes.
Mas vou registrar um pouco dessas minhas impressões "in loco" da terra da alegria.
Sintam-se a vontade pra passar pelos próximos 17 posts, os q não gostam de folia - o q se segue, tem efeito apenas para mim mesma, creio. É um relato histórico da minha primeira vez, tarde, mas uma experiência extremamente rica para mim, uma baiana q ama incondicionalmente sua terra, suas formas, suas curvas, sua pegada, sua força, seu ritmo, seu suor e sua alma entregue, extasiada...
(E q, nas horas vagas, ainda pensa sobre uma forma de discutir os seus defeitos!)

Vou fazer dos tópicos, posts.
Quem não gostar, por favor, pule.


Snow, no maior trio do planeta.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Por um Fio

-Diga.
-Vc costumava ser mais doce antes...
-Vc costumava ter elogios melhores.
-Mas tudo bem, o q vale é a intenção.
-Até pq só tem isso, né? É bom q valha mesmo.
-Êêêêta!
-Desculpe.


Snow, pra fechar a semana.

Ensaio

"Calma, vc chega lá!
Vc tá só perdida, mas tá indo bem, sério!"

(Adriele, tentando incentivar meu desempenho no trabalho de neurociências.)


Snow, confiante da sua inseguança.

No caminho

-Me conta, como ele é?
-Menina, q olhos! E os músculos! Ele tem um peito assim, sabe? Uns braços fortes, e é alto, bastante alto. Tem um riso lindo...
-Ele é novinho, né?
-É. Ele é mais novo mesmo, pq?
-Vc já perguntou pra ele se ele gosta de coroa?


Snow, q fez questão de esquecer quais eram os seus travessões e q decidiu q nunca mais sai com amiga mais nova!

sábado, fevereiro 24, 2007

Ele. E outros seres.

Ele queria sentir mais q as paredes quentes do interior dela
Mas ela se fez macia por dentro
E opaca por fora.

Ele ainda quis lhe falar algo nas entrelinhas
Antes dela deixar bem claro
Que nada mais seria dito além do necessário.

Mas vê-la assim,
Em seus acessórios, seus perfumes
Desnuda em trajes de cetim
O fez pensar em como seria
Fora daquele disfarce...

Calou-se.

E no frio daqueles pensamentos vagos
Aproveitou o calor do breve instante
Onde podia fingir-se de super-homem
E ela, certamente, se daria por satisfeita.

Depois trocariam e-mails, telefonemas, mensagens
E marcariam de se encontrar um outro dia,

Quem sabe...


Snow, dentre outras.

Intercalado

Uma das coisas q mais gostei desta blogsfera é q aqui os textos não precisam seguir uma ordem cronológica, como nas minhas agendas, e nem psicológica, como se pode perceber depois de um tempo o quanto essa parte é facilmente controlável, despistável, manipulável, assumindo assim um caráter bem diferente dos experimentos científicos aos quais não se deve interferir nos resultados.
Aqui, a única lei q importa é a da seqüência: um após o outro. Nessa ordem.
E eu q escrevo em papéis e folhas soltas e tenho sempre muitos na fila esperando pra desaparecer - pq depois de publicado eu rasgo -, todos os dias antes de dormir, refaço esta ordem dos fatos.
Esse aqui é um dos raros q não existia até agora, momento em q me dei conta da necessidade de explicar, ainda q apenas pra mim, essa cadência dos posts, essa aparente ordem/desordem q apresentam.
Mas esse texto é pra ficar no meio, tipo um parêntese onde se explica um assunto irrelevante.
Aliás, quem liga pra ordem hj em dia, né?
Quem espreita entre os textos aleatórios um ou outro fato q possa traçar uma silhueta na penumbra do foi postado. Não digo da vida, q tudo passa muito longe, mas da obra, por sua própria forma.
Ninguém lê mais nada.
Foi-se a curiosidade, o tempo, as paredes nem mais têm ouvidos.
E este parêntese fica entre um ou outro texto q eu gostei de ter escrito e q, como ele, se perderam em seu espaço.
Entra mudo.
E sai calado.


Snow, o elo.

Caí da rede!

Porra, piauiense é bicho pra gostar de rede, nunca vi! Puta merda! Morro de saudade da minha caminha lá na Bahia...
Bati o cotovelo no chão. Tá doendo mesmo.
Nada de fictício, q pena.
A dor de cotovelo metafórica é tão poética e já fora por tantas vezes minha companhia... não q eu tenha assim tantas saudades, mas não dói mais.
Antes, rolava uma história. Agora, vivo inventado parêntesis inconclusivos, reticentes, inescritíveis... q às vezes esqueço q o chão tá perto. Cair é só mais uma queda.
Tenho ouvido belas canções, coisas q eu escreveria.
O choro não vem, e eu até queria.
Algum vírus de indiferença infectou-me e há uma espera patética pelo antídoto, q julgo desconhecido.
Meu coração qse parando
E essa rede balançando

Cair da rede é o de menos.


Snow, q até hj encontra textos picoenses entre cadernos e papéis velhos.

Injunção

Deve ser ilegal falar mal da lei, por via das dúvidas não o farei.
Não q eu tenha assim uma constituição muito alta ou ache q esse negócio de lei pega e tal, já q a mim mesma, não constitui nada mas, lei é coisa séria.
Talvez eu seja uma das poucas pessoas q, lendo, por vezes acho graça.
Nem da redação do legislador, ou das regras, a rigor, mas de mim mesma, de vc, enquanto leitor. Meros cumpri-dores do dever legal.
Às vezes me pego rabiscando rs entre os incisos
Sem entender pq
tantas regras e tão duras penas
E um tão extenso código penal/civil/eleitoral
Se os maiores crimes
Se cometem mesmo
Sem palavras
Sem ações
E sem objeto material


Snnow, e a indiferença, a maior das periclitações da vida.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Irreverência

O repórter: E a senhora, tá protestando contra o quê, minha tia?
A mulher na Mudança do Garcia: Meu filho, eu tô protestando contra tudo e contra todos!
O repórter (rindo): É issoaê, minha tiaaa! Tô com a senhora!!

E é carnaval na Bahia!


Snow, q pensando bem, tudo é muito.
E todos deve ser muito foda! rs

Sem compromisso

Havia uma desonestidade emocional implícita no ato.
Eles conheciam das técnicas, das formas, dos padrões e das rotinas e sabiam bem como combinar as variações de modo q parecesse - e sempre é - inédito e único. E aliás, em nada atrapalha à dança conhecer os passos!
Só um detalhe pairava no ar dispersando as atenções.
E nem o perfume dela, nem a luz, nem o som, as linjeries feitas pra tirar ou o lugar.
Mas aquela vestimenta apertada, lacrada, cheia de nós, velcros barulhentos e inoportunos feches clair, cintos, botões e fivelas q cobriam suas vergonhas psicológicas... e da qual eles apenas desviavam-se. Como se fosse normal e até mesmo necessário q aquelas armaduras os protegessem a cada um, em particular.
Cadeados no lugar de intimidades.
Correntes e amarras onde deveriam haver sonhos.
Travas no lugar de saudades.
Assim, o mero representar de papéis fez das pessoas personagens.
Sintéticas sensações superficializando a organicidade dos sentimentos.
Se tiveram prazer? Sim, mas é claro!
Ele explodiu depois dela ter visto estrelas por duas vezes. Um riacho.
Suados, se abraçaram antes q terminasse o tempo e logo depois de verificada a eficácia do preservativo, regulada a intensidade do ar-condicionado e da tv ter sido desligada.
Mas adiante alguém olha o relógio, puxa o interfone, pede a conta.
O outro já está no chuveiro.
Um terá aula daqui a pouco, ou terá q voltar pro trabalho. Se despedem num meio de caminho.
Enquanto esperanças, fantasias e medos fazem parte de outra época q eles não viveram.
O comportar-se bem, ser gentil, educado e cortês substitui a internalização do respeito.
Os gritos de êxtase substituem a simples entrega, a doação, a confiaça.
Nem sequer suspeitam da traição afetiva mútua... do comum e particular segredo.
Daqui a uma semana se encontram novamente, talvez, pra um cinema ou uma cerveja.
Não fosse o perigo de se apaixonarem, não haveria problema.

Mas por enquanto tão só se conhecendo.


Snow, um floco à frente do seu tempo.

Cordeiro de Deus

"Todo bloco de corda tem um pouco de navio negreiro."

-Transcrição de um cartaz da Mudança do Garcia.


Snow, atada.

Rotação

A luz da lua transpassando timidamente os vidros da janela me desperta para mais uma noite insone.
A verdade é q ainda não pude dormir e esta é a terceira vez em menos de uma semana.
Levanto, acendo a luz da sala e vou fazer companhia pra ela...
Meu corpo trêmulo deseja a cama.
Os olhos cansados, a boca desmotivada, as pernas... sinto como se uma parte do meu cérebro dormisse e outra não parasse de trabalhar.
Durante o dia eu não tenho tempo de pensar bobagens, mas à noite elas aproveitam pra revidar.
Sempre as mesmas, sempre cruéis, torturantes, covardes e traiçoeiras...
Talvez um colchão melhor as acalme.
Talvez um chão sobre os pés as acalente.
Talvez um teto lhe dê sonhos.
Talvez um amorzinho, mesmo q breve, as refresque, as cubra.
Talvez um emprego conte pra elas uma historinha.
Talvez uma fonte de renda as possa ninar...
É, talvez seja mesmo algo q se compre.
Vejo as pessoas na sala de aula e nos corredores, pela manhã, com seus rostos dispostos, seus aspectos saudáveis e me vejo me esforçando pra manter os olhos abertos, ouvir a professora falar...
É de manhã q eu sinto medo do escuro.
Escuro de uma madrugada em claro.
É acordada q gostaria q tudo não passasse de um pesadelo.
(Quanto mesmo custará um barbitúrico?)
Mas é novamente dia claro depois de uma noite de insônia pensando sobre problemas insolucionáveis... sobre coisas q não queria pensar.

E qnd a lua vai perdendo espaço pros raios solares
É q eu sinto vontade de não acordar


Snow, cansada de não fazer nada.
Texto da primeira semana de aula.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Vidas Opostas

Tenho assistido novelas.
E já não sei mais o q pode acontecer.
Antes desta, a última q eu quis assistir foi por volta de 94... há pelo menos 12 anos. De lá pra cá abandonei a Globo e demais canais. Meu repertório televisivo é curtíssimo. Mesmo com relação a filmes, q eu gosto (ou gostava).
Agora a novela tem sido, digamos, necessária, pra preencher a lacuna de final de noite da falta q me faz o telefone... o computador, qnd fecha a lan ou, no nível mais simples, o contato humano.
Passo o dia com papéis e livros e, não há confissão maior de solidão q a reclusão individual da leitura.
E eu ando lendo na aula.
Ando lendo extra-classe.
Ando lendo pelas madrugadas. Ando lendo no ponto de ônibus, no caminho pra casa, na biblioteca, ando lendo na internet...
O q leio?
Na maioria das vezes, leis.
Na minoria, blogs.
Mas tem rolado de tudo: folhetos religiosos, dicionários, folhas soltas com textos incompletos, encartes de cds q não ouço, botões de ajuda do Windons, além, é claro, dos textos da faculdade, cujas aulas comeram a duas semanas.
Deve ser por isto q tenho visto a novela ultimamente. Uma maneira de prestar atenção a uma coisa, um objeto, q não precisa de minha leitura, de minha interpretação, de minha internalização... É mais simples q um filme, q desenho animado, q entrevista, programa humorístico, além de não cair em prova, não precisa fazer relatório, não tem avaliação...
E ainda me permite olhar pela janela e ver a alma refrescar... Como qnd nos nascem bolhas depois da queimadura.
Ontem eu reli a legislação aplicada ao Ministério Público.
Depois reli uma carta datada do ano passado, ainda sem resposta.
Reli a bula do último remédio sintético.
Reli a sinópse de um filme q tava em cartaz há dois anos atrás.(Lembrei q vc prometeu q reassistiria comigo e q o final seria diferente.)
Geralmente qnd releio, regrifo, qse sempre nos mesmos lugares.
Das minhas releituras, percebo q algumas coisas mudaram, é verdade. Os títulos, os autores...
No mais, são como novelas, com uma cena apreensiva ou emocionante entre um capítulo e uma outra descoberta seguindo a sua linha contínua e cheia de cortes até q, finalmente, não passa mais.
Houveram flores, é certo.
(E muitos beijos e abraços.)

Mas finais, são sempre iguais.


Snow, meia dúzia de vilões, um mocinho, um cargo de provimento efetivo... e as referências bibliográficas.

A Fuga

Vi a baratinha no próximo degrau e dei um pulo bem grande na tentativa de escapar dela.
Ela também parece q me viu e vôou para evitar aquele encontro comigo.

Pela mais infeliz das coincidências ela foi parar bem debaixo do meu tênis...
E eu já tinha saltado.

Por um lado era só pisar, como disseram.
Por outro lado não era só pisar, como disseram...

E foi inevitável.


Snow, 35, bico largo.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Coleção Disquinho: Para Pequenos Adultos

A Nova História do Casamento do Sapo
(Rodrigo Lodi)


Era um conto de fadas,
de príncipes e de reis.
Uma história daquelas
“Era uma vez...”.
De aventuras, jornadas
e um final contente:
Felizes pra todo sempre!
Quem contou foi Mamãe Sapo
para seu filhote: o Sapo.

O Sapo gostou da história.
Foi pra cidade grande
encontrar sua princesa,
virar príncipe galante.

Mas não gostou da cidade
e dele ninguém se importava.
“Sapo na cidade? Que horror?
O que é que ele pensava?!”

Sapo fugiu para o brejo
ainda disposto a ser príncipe.
Fez-se de muito elegante
com seu sapato amarelo.
Voltou pra cidade,
mundo da gente gigante.

Freqüentou castelos, festas,
conheceu sua princesa.
Mas que encanto era ela,
esperta, charmosa e faceira.
E sabia de tudo, de pântanos,
de sapos e de florestas!

O Sapo se encantou!
A princesa se apaixonou!
Passavam juntos o dia
À noite, Sapo nem dormia!

Decidiram se casar.
Mas que tamanha alegria!
“Serei príncipe!”, ele dizia,
era só subir no altar.

No dia do casamento
tão grande era felicidade
tão forte o sentimento
que toda toda a sociedade
veio viver tal momento.

Na hora do beijo, entretanto,
Sapo tomou-se de espanto.
“Por céus! Continuo sapo!”
Aonde que estava o encanto?

Preocupado com a princesa,
resolveu contar a verdade.
Não era um príncipe da realeza
nem vivia na cidade.

A princesa, pra sua surpresa
mostrou-se muito contente.
Tirou o véu, a grinalda,
o colar, a esmeralda,
e assim, tão de repente,
revelou ser Sapa, somente!

“Meu Deus!” pensou o Sapo
“A princesa não é gente!”
e como ele, ela sentia
não ser alguém diferente.

Pensa que o Sapo chorou?
Que nada, só alegria!
Tudo o que mais queria
Era ser sapo novamente.

Sapo casou-se com a Sapa
foram no brejo morar.
Não precisavam ser príncipes,
eram reis do seu próprio lugar.

Tiveram muitos girinos.
Alguns fortes, mas incertos,
alguns fracos, mas espertos.
Aquela era a vida de um Sapo,
sem tantas festas, nem fatos.

Assim viveram felizes
não sempre, já que eram sapos.
Cometiam os seus deslizes
mas estavam sempre contentes
por descobrirem que a vida
é feita de sapos,
como a gente.

------------------

Snow, em apenas um P.S.: Vi e... me apaixonei.

sábado, fevereiro 10, 2007

Acidez

Ela menstruou.
Ou, pelo menos foi assim q finalmente conseguiu classificar o sangramento q adquiriu consistência e coloração compatível à visita mensal do fluxo - embora em tempo distinto do esperado por este.
O q isto quereria dizer ela só saberia na semana seguinte, quando completariam 15 dias - prazo mínimo pra alguma alteração ser detectada pelo Beta HCG.
Até lá, ainda esperaria o seu bb de então 10 dias... Um amor. Uma mórula.
Decidiu q não faria mais testes de farmácia por ocasião de uma anterior consepção psicológica q teve e q resultou das listrinhas serem azuis...
É verdade q já o amava. Há muito q o gestava, embalava. E ela quis.
Naquela noite o chamou e ele veio.
Com isto não contava.
Não imaginou q ele ouviria o seu chamado... q só fora feito em pensamento.
E ele quis.
Mas isto ela só soube depois...
Por hora, não pôde evitar esse querer dos dois.
Na verdade, não houve antes na história um outro momento em q ele quisera... E foi por isto q ela seguiu a regra.
Tomou, dia seguinte, a pílula.
Isso ela não queria.
Não queria, não queria, mas fez.
Era razão demais pra ser coração... Ainda q só daquela vez.
E doeu.
Doeu a água, doeu a dose, doeu a cabeça, doeu a alma inteira.
Ela mesma se desfez colateralmente em dor ao primeiro sinal de q o medicamento havia feito efeito.
Dia seguinte ao dia seguinte, chorou por não ter vomitado o remédio.
Dia seguinte a este, ainda segurou no colo, amamentou, acalantou e ninou o seu pequeno...
Mas na noite deste mesmo dia, viu q talvez ele não suportaria o bombardeio q o minúsculo comprimido provocaria ao seu primeiro berço...
A mamãe chorou em vermelho.

Se isto traria conseqüencias mais boas q ruins, não sabia.
Estava transitóriamente sem condições de valorar sobre a concepção da vida... Reação adversa do controle q tinha e do controle q não tinha.
E ela sangrou oca...
Como se no lugar do amor,
Lhe houvera aberto uma ferida.


Snow, Piaget, Maria, Freud e mais alguns mitos uterinos.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Espaço

A distância afasta quase sem querer as pessoas.

E a falta de distância tb.


Snow, aqui.

domingo, fevereiro 04, 2007

Buteco

De repente desembaçou-se sobre mim o medo q tenho de ver q... já não me interesso mais.
E ele veio sob a forma de lágrimas limpando os olhos como um colírio.
Ainda choro molhado.
Ainda usos lenços de papel.
Ainda enxugo o rosto e sorrio.
"De certa forma há na exteriorização do choro uma tentativa humana de pensar q o mundo ainda se importa..." ouvi naquela mesa de bar.
O ritual de estar triste q sigo involuntariamente, outro dia, me surpreendeu sorrindo.
Rindo de mim? Não. Rindo de sua própria umidade latente. Rindo por achar q aquilo tudo, simplesmente, não existe.
E vi naqueles olhos próximos q enxergavam como pelo olho de um furacão, q as pessoas iam seguindo seus cursos em seus leitos... margeados por si mesmos, se chocando nas pedras, passando por estas, fluindo... como se aquele caminho houvesse sido mesmo escolhido.
Revendo, sorrio.
Um riso negativo e banal.
O mesmo olhar, agora distante, dizia q pessoas não são rios.
Elas estão lá, nasceram por lá.
Crianças brincam marginais observadas por seus pais para q não entrem ainda. Para q não se afoguem com a densidade e a força daquelas águas.
Já quem já é adulto, nada.
E a correnteza os arrasta, os arremessa, os esmaga... E as pessoas continuam lá.
Cansados, nadam a favor e se afastam de si mesmos pra se misturar aos cursos, aos leitos, aos sulcos, às pedras, às quedas, aos flúidos...
Tentativa de tornar-se parte. Mesclar-se à paisagem...

Falávamos de alguém q era feliz. Com uma leve tristeza aos domingos de tarde mas, essencialmente, feliz...
E ouvimos bem aquele breve silêncio estancar por um segundo a necessidade de falar mal. Vontade coletiva de pedir mais uma, acender outro, dar mais um trago...
Pausa em nossas mentes pra queimar aquelas divagações de um mundo tão complexo e tão redutivelmente, ridiculamente, vago... e escroto, cara.

Escroto pra caralho!



Snow, Nietzschenianos e uma viagem de um mês, Stirnerianos e uma carta de amor prolixa de outra viagem pra longe, e uma frase de kafka... a frase do post abaixo na qual... poiseh.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Skol, filosofia e uns quebrados

"Podemos até nos afastar dos sofrimentos do mundo, isso é algo que está de acordo com nossa natureza, mas talvez esse seja precisamente o único sofrimento que podemos evitar.""

Franz Kafka

Corpo do Texto

Pautas em branco aguardando um sinal e eu não me pronuncio, se quer, começo.
Tento. Evito. E as linhas vão seguindo neste ciclo improdutivo... Sem ao menos um título.
Ele merecia uma carta, eu sei disto, mas... Uma carta de amor? Não. Acho q não é bem isso.
E esse endereço, meu Deus, e esse endereço...!
(Eu e essa minha ideologia! - Se ao menos nos déssemos bem... Mas sei q apenas a respeito. E é ela quem me orienta... Como pode viver o ser humano sem freios? Sem contrapesos...? Eu os tenho.
Não q considere mais q isto, não os ostento. Apenas os vejo, nítidos, imperiosos, imponentes... incisivos. E são raras as vezes q me atrevo.)
Não q o amor não mereça. Merece. Aliás, para o amor, toda a glória das cartas, papéis, bilhetes e cartões a encher pastas, caixas e gavetas!
Mas e esse meio termo aí no meio... o q q eu digo? Q se vá? Q esqueça?
Prefiro calar. Assim é mais provável q se faça entre nós um tom ameno. Um meio tom, como cabia à meia luz todo o grito contido.
Mas há ainda esse envelope sob os meus dedos q tanto acaricio, tanto amasso, arranho, aliso... tanto aperto...?
E eu q nem queria mais, mas ta tão difícil...
Os brios me dizem pra não fazer mais nada, q o q está feito, está feito.
A sorte me manda agir com o coração.
O coração tá calado, tá com medo... acho q não sabe mais o q dizer nessas horas...
Ah, dane-se! Já comprei o selo!
Tirei uma foto.
Nua.
Vou mandar pelo correio.
A cabeça ficou aqui, eu cortei, porém o mais importante foi.
Meio sem querer, é verdade, mas...

A verdade é q o coração não pôde sair de dentro do peito.



Snow, sem palavras.

Segredo

Um segredo surgiu, sorrateiro
Bem leve, se instalou em meu peito
E quase me fez acreditar que um dia…
Dia nenhum, mas até que hoje o dia…
Muito rápido, mas foi.
E como todo bom segredo
Não ficou guardado
Pegou as malas e acabou de ir embora.
Mas podia ter ficado.
Não pesava, não doía,
Não fazia nada de mau.
Tinha o jeito.
Foi se instalar em outro peito
Porque não era meu.



(R. Fontana)
06/2005



Snow, mas meu aqui, nem a formatação.
Eu ia botar q ele adora participar pacivamente do meu blog, e q isto comoveu-me deveras, mas não se faz isto com amigos... Dei-lhe a senha!
Se um dia eu morrer e ele não, aí eu viro um fantasma e continuo postando...
Esse, por exemplo, não é a minha cara?

Blond Power

Cabelo curto, natural, miscigenalmente desgrenhado.
Semana q vem eu aliso.
Semana seguinte tinjo.
Decidi virar blond power. rs
Por hora, taí. E não há muito o q fazer neste estado. Melhor, até q há mas custa caro. E não faz mais parte da lista atual de prioridades.
Saí na rua com a mesma legitimidade q me davam os cachos. (Como se fosse mesmo dado ao ser humano se desvencilhar de sua imagem.). Mas esta estranha propriedade não duraria até a esquina.
O negão da oficina não contém o comentário:
-Dá uma escova nesse cabelo, gata!

Gostaria mesmo de lembrar o rosto dele.
Gostaria muito de reconhecer o tom de sua voz e não ter q reportá-lo anônimo em minhas lembranças... mas não tive coragem.
Ele nem chega a ser um paradigma. É só uma pessoa q, pelos mesmos motivos q eu pra ele, não tem motivos suficientes para ser lembrado.
E ele tem razão dentro da razão dele, isso eu sei.
Meu tom de pele acobreado não chega a justificar os fios em desalinho q não pôde redimir o tal creme sem enxágüe.
Também não optei por trancinhas afro, q até já usei uma vez, mas não me adaptei bem ao penteado.
Já o estigma de preta intelectual me cairia bem hj, e até tá na moda, mas ando meio descolorada pros assuntos teorizáveis.
Lamento não ter tido coragem de olhar pra ele de modo q meus olhos falassem. Não ter lhe dado oportunidade de trocar umas duas frases... - Não q acredite q isso mudasse, q adiantasse, sei lá. Só mesmo pq me importei com o fato. - E nem pela importância q ele dava ao alisado, mas pela importância q eu Lhe dava, mas deixa lá.
Minha vó sempre fala q nada q é bom vem de graça e Salomão, lá no passado, já sabia q tudo é vaidade.

(E eu q... nem sou tão clareada assim...? E meu cabelo q... nem é tão pixaim...? E eu q nem, nem, sabe? Nem assim...
Fosse em outra época ele teria destruído minha semana com o irônico e maldoso comentário... Mas ele tá perdoado.)

Daqui a umas semanas, depois do tempo q tenho q dar ao processo de alisamento, hidratação, clareamento, reconstrução e demais processos q ainda desconheço, eu farei a tal escova.
E aí passo novamente lá pela oficina pra gente levar um papo.

Se daqui até lá, claro, eu ainda tiver cabeça.




Snow, mas pode ir acostumando a chamar de Xuxa, Hickmann, Belo, 40 volumes... Luzoescovada!

Sonho

Um dia o amor dele finalmente acordou
Mas já era tarde demais
E o amor dela tinha adormecido.


Snow

S1 - 305

Afora o teu DNA sob minhas unhas (fato q poderia ser constatado por peritos da polícia técnica), não há provas do nosso envolvimento.
Vc tem razão, ninguém ficará sabendo.
Exceto pelo riso desmedido em minhas bochechas coradas e a parte interna de minhas coxas descamadas, vejo q vc não deixou marcas.
Não fosse pelo palpitar estúpido e descompassado do meu peito, eu até passaria num detector de mentiras.
E não fosse este brilho incandescente nos meus olhos, duvidaria até mesmo do espelho.
Não fossem estes lábios inchados e o prazer q me dá relembrar tua ânsia em sugá-los, eu até esqueceria dos beijos...
Mas serei discreta. Serei compreensiva, pode deixar. Saberei lidar com isso.

Ah, vc ainda não chegou em casa, tô deixando este recado na secretária eletrônica só pra te lembrar q esqueci sem querer o cartão com a cor do meu batom e o número da garagem no bolso esquerdo da tua calça...

Beijos, querido. Sei q vai lembrar de mim da próxima vez q pensar em dizer a uma mulher q não foi casual, e q ela esqueça.


Snow, inspirada em mensagens deixadas por engano.

Dissonância

Em meio à festa sentiu-se meio só.
A língua presa a algumas poucas palavras do seu inglês de dicionário não disse muita coisa ao gringo q lhe cortejava.
O grupo, em ritmo de rock, destoava do afrojazzsamba sangüíneo da multidão aglomerada.
Ela até gostou da batucada, mas já não escutava. O ruído, a não-pertinência, tudo incomodada.
(No universo dos valores q tinha, sabia o q cada um ali secretamente buscava.)
Ouviu palavras sem sentido.
Sentiu sons pros quais não teve palavras.
Sorrisos às despedidas, beijos às chegadas.
Dispensou a latinha - na sobriedade daquele estado transitório de plena lucidez -, sabia-se por demais embriagada.
Quase disse tudo o q tinha pra dizer.
Quase não disse nada.
Compreendeu muito pouco.
Reteve recortes.
Nada encaixava.
Viu de perto a auto-implosão de uma imagem q ela mesma criara. Lamentou. Era uma bela história pra uma personagem catártica.
Nisso, o cara do microfone pára o som e diz, olhando nos olhos dela, q ninguém virá resgatá-la.
Ela, q não sabe planejar, tão pouco dar chances ao acaso, abandonou mais meia dúzia de sonhos na última música não dançada.
Queria mesmo ter sentido medo. Raiva, indignação ou qlq daqueles sentimentos tão expressivos da adolescência. Mas nem tristeza...
Decidiu q nunca mais iria a um lugar q gostasse acompanhada de quem não gostasse do mesmo lugar q ela.
Decidiu q só iria a um lugar q não gostasse se acompanhada de alguém de quem gostasse muito, e q gostasse muito do lugar, e tb gostasse dela.
Quando os pés cansaram, achou um cantinho na calçada.
Ainda fitou um ou dois desconhecidos, mas nada a balançava. As tentativas de aproximação não mexiam com ela.
No caminho ainda disse algumas verdades q ninguém mais acreditava.
Se ao menos tivesse chegado mais cedo...
Bom, é sempre muito tarde pra conclusões precipitadas.
No mais, era mesmo hora de voltar pra casa.


Snow, sem muita idéia pra dar.